Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
habitação

MP pede paralisação da construção de casas populares

Município pretende construir moradias populares em terrenos, mas os moradores vizinhos pedem que os espaços sejam utilizados para implantação de parques, creches e postos de saúde

A Prefeitura de Maringá foi comunicada oficialmente nesta quinta-feira (23) sobre ação civil proposta pelo Ministério Público (MPE) que questiona o uso indevido de terrenos pertencentes ao município para a construção de moradias populares. O processo é de responsabilidade da Promotoria Especial de Proteção aos Direitos Humanos e à Ordem Tributária da comarca e alega que as obras contrariam o Estatuto das Cidades e o Plano Diretor de Maringá.

Segundo a ação, nos terrenos, onde deveriam ser instalados equipamentos urbanos como creches, escolas, praças e parques, a Prefeitura quer construir 665 casas populares que devem atender os moradores do bairro Santa Felicidade, o mais carente da cidade. Boa parte da obra será financiada com recursos federais do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). A ação é assinada pelo Promotor de Justiça, Maurício Kalache.

Por meio de liminar o MPE pede a paralisação imediata da construção das moradias previstas no Projeto de Requalificação Urbana e Social ZEIS – Santa Felicidade. Segundo a promotoria, as obras devem permanecer suspensas até a realização de audiências públicas com todos os moradores dos loteamentos e bairros que receberão as novas casas.

Kalache explica que a intervenção do Ministério Público no caso se deu em decorrência de solicitações dessas comunidades, que afirmaram não terem sido consultadas pela Prefeitura e que esses espaços deviam ser destinados a benfeitorias comunitárias. A Promotoria recebeu abaixo-assinados de moradores do Conjunto Residencial Porto Seguro, Parque das Laranjeiras, Jardins Motreal e Indaiá, Jardim Licce, Gleba Ribeirão Morangueiro, Conjunto Lea Leal, Jardim Dourado e Parque Residencial Patrícia, além de solicitações pessoais.

"A Lei de Loteamentos prevê que toda área de terra loteada deverá ter espaços reservados para equipamentos comunitários. Assim, o município vestiu um santo e desvestiu outro, pois a pretexto de assegurar o direito à moradia de uns, violou o direito de outros", explica o promotor na ação.

Ele ressalta que, além da falta de audiências públicas com todas as partes envolvidas no caso – conforme relata a Promotoria, foram ouvidos pela Prefeitura apenas as pessoas que seriam beneficiadas pelas novas moradias –, o município deixou de realizar os estudos prévios de impacto de vizinhança, instrumento previsto no Estatuto das Cidades. "Essa avaliação é fundamental. É feita para verificar se a infraestrutura urbana existente tem capacidade de atender a nova demanda populacional, ou seja, antes de construir, é preciso saber se a rede de esgoto, a coleta de lixo, a iluminação pública, as vagas nas escolas e creches, o atendimento nos postos de saúde dessas localidades estão preparados para atender mais moradores", diz o promotor. A ação está em trâmite pela 1.ª Vara Cível de Maringá.

A assessoria de comunicação da Prefeitura confirmou que foi oficiada sobre a ação do MPE, mas disse que vai primeiro analisar o conteúdo antes de se pronunciar sobre o caso.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.