Antes de produzir e dirigir 23.11.1967: Documentos do Caso Clodimar Pedrosa Lô, Eliton Oliveira trabalhou como assistente de direção em Conexão Brasil e A Saga; e como roteirista em Desaparecidos, todos longas-metragens.
Depois disso, fez vários curtas, entre os quais A Garota da Loja de Livros, de 2002, que lhe garantiu alguma repercussão em festivais, principalmente, em Maringá.
A Gazeta Maringá entrevistou Oliveira, que falou um pouco sobre as dificuldades principais que enfrentou nessa primeira experiência. Ele fez uma avaliação sobre o gênero documentário, que, aos poucos, parece conquistar cada vez mais espectadores brasileiros. Para ele, 23.11.1967: Documentos do Caso Clodimar Pedrosa Lô pode contribuir para a popularização do gênero na cidade.
GAZETA MARINGÁ: "23.11.1967: Documentos do Caso Clodimar Pedrosa Lô" foi o primeiro longa-metragem que produziu e dirigiu. Qual foi a principal dificuldade que enfrentou nessa experiência?
ELITON OLIVEIRA: Dinheiro. O documentário tinha um orçamento de R$ 70 mil. Conseguimos captar apenas R$ 5 mil. Os outros R$ 65 mil vieram por meio de parcerias. Fizemos parcerias para gravar os depoimentos, para fazer a pós-produção de som e para elaborar o material de divulgação. Se não fosse pelas parcerias, o projeto não sairia do papel.
A dificuldade atrasou o andamento do cronograma do projeto?
Sim. Levamos 8 meses para executar o projeto. É um prazo razoavelmente curto, mas teríamos concluído mais rapidamente, se houvesse recursos. Começamos a gravar os depoimentos em julho. Fizemos o último corte da edição no Dia de Finados. Só de pós-produção, foram mais quatro meses. Fazer cinema é difícil, principalmente em Maringá, pois são poucos os empresários que investem em cultura.
Por que decidiu fazer um filme sobre a história de Clodimar Pedrosa Lô?
Me contaram a história quando estava fazendo um curta em Maringá. Fiquei interessado e fui atrás das pessoas que testemunharam o caso. A história me envolveu então de forma singular e, por isso, decidi fazer o filme. Acredito que o documentário vai despertar o interesse dos maringaenses, pois muito deles apenas ouviram comentários sobre a história. E isso é muito pouco. Ninguém sabe os detalhes. O filme é rico em detalhes. Quem assistir, vai conhecer a história em seus pormenores. São 80 minutos de detalhes.
Você tem também um projeto de filme em formato de ficção sobre a história de Clodimar Pedrosa Lô. Quando pretende realizá-lo?
O projeto se chama Novembro Negro. A diferença para o documentário é que o orçamento é muito maior, cerca de R$ 7 milhões. Quero executar o projeto a partir de 2012. Como há dificuldade de recursos, o projeto com certeza me consumirá muitos anos. No meu planejamento inicial, a intenção é lançá-lo em 2017, no cinquentário da morte do menino Clodimar.
Documentário não está entre os gêneros cinematográficos prediletos do público médio brasileiro. Você que o seu filme pode mudar um pouco essa realidade entre os espectadores maringaenses?
Pode começar a haver uma pequena mudança. Em Maringá, as pessoas que forem assistir ao filme vão não pelo gênero, mas, sim, pela história. De repente, nesse contato, poderão se interessar mais por documentários. Hoje, acho que muitas pessoas ainda não gostam do gênero pela falta de acesso. Há poucos documentários em videolocadoras, por exemplo. No Brasil, por exemplo, a indicação de Lixo Extraordinário ao Oscar de Melhor Documentário ajudou a chamar a atenção para o gênero.



