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Entrevista

Papo Universitário debate o conflito de gerações nas empresas

"A geração Y vem com uma carga de formação técnica muito boa e quer crescer muito rápido, mas, uma vez num cargo de gerência, há problemas em que é a experiência que vai ajudar a resolver" disse Willian Mac-Cormick | Ivan Amorin/Gazeta Maringá
"A geração Y vem com uma carga de formação técnica muito boa e quer crescer muito rápido, mas, uma vez num cargo de gerência, há problemas em que é a experiência que vai ajudar a resolver" disse Willian Mac-Cormick (Foto: Ivan Amorin/Gazeta Maringá)

O Papo Universitário, evento promovido pela Gazeta do Povo, iniciou o primeiro ciclo de palestras pelo interior do Paraná debatendo o mercado de trabalho e a geração Y (denominação dada aos jovens que já nasceram e foram criados na era da informação). O bate-papo já ocorreu em Maringá, em Londrina (na noite de quinta-feira) e agora vai para Ponta Grossa, no próximo dia 26. Entre os convidados estava o psicólogo especialista em coaching Willian Mac-Cormick, que concedeu entrevista a Gazeta Maringá e falou um pouco sobre a temática que vem sendo abordada: como se dá o conflito de gerações entre os jovens super-conectados e os profissionais mais velhos dentro das empresas.

As empresas têm preferido os profissionais da geração Y, e como esses jovens têm se comportado dentro das empresas?

São duas coisas. Uma é preferência e outra é necessidade, e hoje as duas coisas acontecem. A geração Y traz uma série de características que são importantes no mercado de trabalho, como criatividade, inovação, empreendedorismo, além da busca pelo crescimento e produtividade. Há ainda a questão da condicionalidade das relações de liderança, na qual o líder tem que merecer o respeito para ser respeitado. Mas estamos falando de profissionais que já estão ocupando a maior parte do mercado. Os profissionais da geração Y já são uma necessidade além da preferência e o gestor vai ter que se preparar para recebê-los.

Os profissionais da geração Y têm características que podem ser consideradas desvantagens em relação à geração anterior. A citada geração X (anterior à Y) tem alguma especialidade que ainda se sobrepõe no mercado?

Todas as características podem ser vantajosas e desvantajosas. A condicionalidade das relações de liderança, por exemplo, pode ser vista como bacana, mas também pode ser interpretada pelo gestor como questionadora em excesso. Outra coisa que é desfavorável é o excesso de ansiedade. Ansiedade em produzir, ansiedade em crescer, pois a geração Y trabalha com muitos estímulos ao mesmo tempo. A geração Y vem com uma carga de formação técnica muito boa e quer crescer muito rápido, mas, uma vez num cargo de gerência, há problemas em que é a experiência que vai ajudar a resolver. É importante que essa geração entenda que sempre há limitações que podem ser desenvolvidas e esse é um desafio.

Os profissionais mais velhos se sentem ameaçados pelos jovens da geração Y? Como isso se reflete no processo produtivo?

Sim. Mas não só isso. O medo não pelo cara jovem que está fazendo novas propostas, mas o medo é de toda a mudança que está acontecendo. Há uma resistência à mudança. Muitas vezes a inovação pode trazer medos, pois envolve projetos novos que talvez eu não saiba lidar. E é importante citar, que muitas vezes a experiência se torna a antítese da criatividade. O mais velho se apega à experiências antigas, que não significam que vai se repetir hoje, para cortar a criatividade. Você já deve ter ouvido: "não faça isso, pois eu já fiz e não deu certo".

Você tem exemplos dessa relação de produção entre gerações dentro das empresas?

Eu já vi uma empresa com perfil estatal que se profissionalizou com gestores nascidos no período pós-guerra, e que passou bastante tempo sem contratar ninguém. Depois entraram profissionais da geração Y, com uma diferença de perfil bastante grande. Então tinham profissionais que queriam produzir e trazer idéias novas, vislumbrando o futuro da empresa, e outros, até mesmo pela estabilidade do emprego público, tinham um perfil mais lento. Mas pode haver experiências positivas, onde se tira o melhor de cada um, com um processo de comunicação que mostre que todo mundo está caminhando para o mesmo lugar. Os caminhos podem se desviar e se cruzar, mas no final todos estão buscando algo em comum.

As empresas estão se modernizando para receber o profissional da geração Y?

A empresa pode ter 100 anos, mas não significa que ela é tradicionalista pela idade. O que vai transformá-la em tradicionalista é a cultura. Os profissionais precisam pesquisar a cultura das empresas, se há abertura para inovação e como serão recebidos lá dentro. Quais são os projetos que têm, se há investimento em inovação. Há um papel para mim lá dentro? Ou vou ser apenas mais um que vai propor coisas e ser estanque? E realmente, a geração Y tem uma tendência a ter problemas quando não se adapta a culturas mais tradicionalistas.

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