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Paraná tem o maior número de pontos de exploração sexual infantil do país

Estado tem um ponto propício à exploração sexual de crianças e adolescentes a cada 20 km de rodovias federais

Há 1.820 pontos de risco de exploração sexual infantil. Destes,67% estão em áreas urbanas. Confira |
Há 1.820 pontos de risco de exploração sexual infantil. Destes,67% estão em áreas urbanas. Confira (Foto: )
Existem no Brasil 1.820 pontos de risco nas estradas federais que contribuem com a prostituição infantil |

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Existem no Brasil 1.820 pontos de risco nas estradas federais que contribuem com a prostituição infantil

As rodovias federais que cortam o Paraná concentram o maior número de pontos de risco de exploração sexual infantil no país: existem 168 locais propícios a essa prática. É como afirmar que há no estado um ponto de risco a cada 20 quilômetros. Também está na Região Sul o segundo estado com o maior número de pontos de risco: o Rio Grande do Sul tem 154 lugares. O estudo é da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que mapeou os locais que não necessariamente têm a exploração sexual, mas apresentam características que facilitam o crime nas estradas. Foram analisados 66 mil quilômetros de rodovias brasileiras que pertencem ao governo federal e encontrados 1.820 pontos de risco nesta extensão: 67% deles estão próximos a regiões urbanas. O estudo mostra ainda que, se os pontos de exploração sexual infantil forem classificados conforme a sua periculosidade, o Paraná está em segundo lugar com o maior número de pontos tanto na categoria críticos (113 locais) como na de alto risco (40). Os primeiros estados dentro desta análise são, respectivamente, Bahia (117) e Minas Gerais (43). Na proporção da malha viária federal, no entanto, o Paraná está em sétimo lugar, atrás de São Paulo, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Sergipe e Alagoas.

Foram considerados como indicadores para definição do nível de risco (baixo, médio, alto e crítico) a existência de prostituição de adultos, ocorrência de exploração sexual de crianças e adolescentes com base em relato policial nos últimos dois anos, registro de tráfico/consumo de drogas nos últimos 24 meses e presença constante de crianças e adolescentes no local visitado. Outros fatores como comércio de bebidas alcoólicas, presença de caminhoneiros e existência de iluminação também ajudam a definir o grau de risco de cada local.

Por regiões

Os pontos de exploração, quando separados por regiões brasileiras, se concentram em maior número no Nordeste: são 545. A Região Sul vem em segundo lugar, com 399 pontos de risco, seguida do Sudeste (371), Cen­tro-Oeste (281) e, por último, o Norte (224). O estudo mostra ainda que este tipo de exploração ocorre com maior frequência nos corredores de escoamento de riquezas e em estradas que ligam regiões mais desenvolvidas a outras menos desenvolvidas.

A PRF acredita que os pontos de risco estão concentrados no Nordeste e Sul por uma questão econômica. "São regiões em que há grande transporte de riqueza", afirma o policial departamento de comunicação da PRF Alexandre Castilho. As rodovias com maior número de pontos críticos são a BR-116 e BR-101 – as duas maiores rodovias federais do Brasil.

De acordo com o inspetor da PRF, Moisés Dionísio, o maior problema no enfrentamento do problema da exploração sexual de crianças e adolescentes é a falta de colaboração da sociedade. Segundo ele, o desinteresse, a desinformação e até a cultura ajudam a manter uma situação de exploração. Para a polícia, a melhor forma de combater o crime é aumentar a presença do estado nos locais onde ele acontece.

Os dados fazem parte da quarta edição do Mapeamento de Pontos Vulneráveis à Explo­ração Sexual de Crianças e Adoles­centes nas Rodovias Federais 2009/2010, uma parceria da Polícia Rodoviária Fe­­deral com a Secretaria Es­­pecial dos Direitos Humanos da Pre­sidência, a Or­­ganização Inter­nacional do Trabalho e a Child­hood Brasil.

Programas tentam combater o crime

Fazendo questão de ressaltar que o levantamento é um importante instrumento no combate à violência e exploração sexual infantil, a coordenadora de Ações Protetivas da Secretaria de Estado da Criança e Adoles­cente do Paraná, Aline Pedrosa, chama a atenção para a grande malha rodoviária federal que passa pelo estado. "Os números também são devido aos grandes entroncamentos rodoviários no Paraná. Nós já havíamos detectado o problema e estamos agindo em várias frentes, tanto preventivas como de combate à exploração sexual infantil", diz.

Uma dessas iniciativas é o Programa Atitude, feito em Ponta Grossa, que tem por objetivo identificar cada caso e resgatar essas crianças e jovens, dando a elas instrumentos para qualificação profissional. Outra medida é direcionar equipes que acompanham as famílias das vítimas para reverter o quadro. "Trabalhamos também em conjunto com a União e com outros municípios para tirar crianças de situações como essa. Criamos ainda comissões de enfrentamento à violência e à exploração sexual de crianças no estado e em municípios como Curitiba, Foz do Iguaçu e Paranaguá", diz.

Para Aline, o importante é que, além das medidas governamentais, o assunto seja discutido de forma ampla. "É uma situação que tem causas variadas e é necessário que o assunto seja compreendido de maneira global. Precisamos ser mais eficientes que a rede que promove e se beneficia da exploração sexual infantil", avalia.

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