A Prefeitura de Quarto Centenário, na região Noroeste do Paraná, denunciou o suposto desvio de R$ 1,5 milhão dos cofres públicos durante a gestão do último prefeito, Osvaldo Changai (PSB). O desvio foi detectado, segundo a administração atual, durante uma sindicância para verificar os valores empenhados pela gestão anterior. Documentos foram apresentados na noite de segunda-feira (4) na Câmara Municipal. "Encontramos diferenças importantes entre os valores empenhados de alguns serviços e o que aparece nas notas fiscais dos valores pagos", disse o secretário de Administração, Edilaldo da Cruz.
Nos três primeiros meses da atual gestão, do prefeito Reinaldo Karachainski (PDM), foram avaliadas as contas municipais referentes aos anos de 2011 e 2012, ambos da gestão de Changai. Cruz afirmou que a sindicância apontou o envolvimento de três funcionários municipais concursados do setor de contabilidade e da tesouraria, além do ex-prefeito, no esquema de desvio de dinheiro público. "Pelo que apuramos, existia uma conivência e um conhecimento dessas pessoas sobre o esquema, senão esses desvios não existiriam", defendeu.
Desvios
Para exemplificar, Cruz citou o empenho de R$ 1,1 milhão para o pagamento do serviço prestado pela Empresa Brasileira de Soluções e Serviços, responsável pelo gerenciamento do Vale Alimentação dos funcionários da prefeitura. No entanto, segundo o secretário, as notas fiscais mostram que o serviço custou R$ 225 mil. "Desta diferença de valores, conseguimos rastrear a transferência de R$ 470 mil para a conta pessoal de um pequeno agricultor da região que é sogro do tesoureiro da prefeitura."
Segundo o secretário da Administração, houve irregularidade também no pagamento de empréstimos consignados realizado por 126 funcionários da prefeitura. No total, cerca de R$ 29 mil foram descontados da folha de pagamento dos servidores, mas o dinheiro não foi, segundo Cruz, repassado ao Banco do Brasil (BB) e à Caixa Econômica Federal (CEF). "Com isso, esses funcionários se tornaram inadimplentes perante a esses bancos e já foram avisados que podem ter seus nomes no Serasa [Serviço de Proteção ao Crédito]."
Além disso, o secretário afirmou que o dinheiro fornecido por convênios federais para áreas de educação e de saúde foram retirados da conta do município sem que houvesse investimentos nessas áreas. Nos empenhos, há descrição de que pouco mais de R$ 60 mil teriam sido investidos em equipamentos para creches, em um ônibus escolar e na ampliação de um posto de saúde no distrito de Bandeirantes do Oeste. "Deste dinheiro só temos cerca de R$ 1,3 mil na conta municipal. O dinheiro para o pagamento de um ônibus escolar foi retirado do município no ano passado, mas, até agora, o veículo não foi pago."
Os documentos levantados pela sindicância foram encaminhados ao Ministério Público do Paraná (MP-PR) e ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Foi feito também o pedido de exoneração dos funcionários suspeitos de envolvimento, além do bloqueio de bens e a apreensão do passaporte do ex-prefeito Osvaldo Changai (PSB) e do tesoureiro. "Queremos que a investigação esclareça essas irregularidades", disse Cruz.
Até às 18 horas desta terça-feira (5), a reportagem da Gazeta Maringá não conseguiu contato com o ex-prefeito Osvaldo Changai.



