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Um dos cruzamentos mais complexos e perigosos da cidade, a esquina da Avenida São Paulo com a Avenida Colombo foi uma das primeiras a ter o sistema implantado | Fabio Dias/Gazeta do Povo
Um dos cruzamentos mais complexos e perigosos da cidade, a esquina da Avenida São Paulo com a Avenida Colombo foi uma das primeiras a ter o sistema implantado| Foto: Fabio Dias/Gazeta do Povo

Invenção maringaense

A inovação do semáforo sequencial surgiu nos anos 70. O autor do projeto, Divino Bortolotto, fundou uma empresa própria em 1989, depois de constatar o desinteresse de diversos fabricantes pela invenção. O semáforo está previsto no Código Nacional de Trânsito desde 1996 e atualmente está instalado em aproximadamente 80 cidades, como Florianópolis, Balneário Camboriú, Uberaba e Natal.

No Paraná, além de Maringá, Londrina e Cascavel são outros municípios importantes que adotaram o sistema. A SDM também desenvolveu recentemente uma variação com tecnologia de LED, mais durável, com brilho intenso e baixo consumo de energia elétrica.

O filho de Divino e atual responsável pela empresa, Pérsio Bortolotto, não se posicionou favorável à obrigatoriedade. Ele explicou que o sistema funcionou bem na maioria dos casos em que foi utilizado, mas que o semáforo sequencial não é infalível. Com isso, cada cidade precisa avaliar as necessidades antes da implantação.

Pérsio lembrou de mais uma vantagem do sinaleiro temporizado citando a experiência de Goiânia. Lá, o número de multas por travessia de sinal vermelho despencou com a novidade. Anteriormente 1,65% (1.938 multas) dos motoristas infringiam a lei a furavam o sinal, índice que caiu para 0,17% (179 multas).

Em tramitação na Câmara dos Deputados, o Código Brasileiro de Trânsito (CBT) está prestes a ganhar cerca de 50 novas emendas e modificações. Uma delas é a de tornar obrigatória a utilização dos semáforos temporizados ou sequenciais. O sistema de luzes temporizadas mais comum disponível atualmente é invenção de um maringaense e é usado com bastante sucesso na cidade. Mesmo assim, a proposta também deve ser uma das mais polêmicas entre as que serão votadas, já que não há consenso sobre os riscos e vantagens do sinal que avisa ao motorista quando vai ficar vermelho.

Até agora, nem especialistas e nem os técnicos de trânsito que já experimentaram o sistema concordam sobre as vantagens do sistema de semáforos temporizados. As divergências são quanto ao comportamento dos condutores e ao número do acidentes provocados em vias regidas pelo equipamento.

Enquanto que Maringá caminha para universalizar o semáforo sequencial, Curitiba experimentou, não gostou e abandonou o sinaleiro. Dos 11 faróis do gênero instalados na Avenida Comendador Franco (Avenida das Torres), na capital, a Urbs – Urbanização de Curitiba S/A só mantém três. O argumento para o recuo, de acordo a diretora de trânsito Rosangela Battistella, é o crescimento de 53 % nos acidentes na via.

Os registros vistos em Maringá, contudo, mostram justamente o contrário. Números da 4ª BPM indicam que na época em que a novidade foi aplicada com pioneirismo na cidade, as colisões caíram drasticamente. Cruzamentos com grande fluxo de veículos, como o da Avenida Colombo com a Avenida São Paulo, por exemplo, que teve retração de 57 para 25 acidentes, entre 1993 e 1994. De acordo com o engenheiro de tráfego da Secretaria de Transportes de Maringá, Gilberto Purpur, atualmente apenas 10% dos sinaleiros no município não são temporizados.

Purpur inclusive é um grande defensor do sistema que foi inventado na Cidade Canção. "Sempre que trocamos tivemos redução no número de acidentes, e quando eventualmente colocamos um semáforo convencional, o pessoal reclama", garante.

A fluidez de veículos ganha precisos segundos com o temporizador. "Como ele te informa que 12 segundos antes que vai fechar podemos diminuir o tempo de amarelo, acabando com o efeito surpresa e frenagens bruscas", disse Purpur. Ele rebate que o sinaleiro possa incentivar o motorista a acelerar para atravessar antes do vermelho. "A gente percebe que já há uma cultura em Maringá.Tem muita gente que já pára no finalzinho do verde, o que não deveria, mas acontece por precaução", explicou.

Já o coro contrário é endossado pelo consultor em trânsito e diretor de negócios internacionais da Perkons S.A, José Mario de Andrade. Para ele, a instalação do mecanismo pode favorecer infratores e maus condutores: "A instalação de um relógio regressivo pode contribuir para um comportamento oposto ao que visa a medida: o condutor pode aproveitar o pouco tempo do semáforo para ultrapassar o cruzamento. Além disso, a informação adicional tira a atenção do motorista para o cenário a sua volta.", avalia.

Para Andrade, a decisão do comportamento continua sendo muito subjetiva: da mesma forma que o motorista se sente estimulado a aumentar a velocidade quando o sinal está prestes a se tornar vermelho, também o fará, nos segundos finais mostrados pelo temporizador.

Pedestres

Outra vantagem do sistema temporizado, destacada por Purpur em Maringá, diz respeito ao comportamento dos pedestres que vão atravessar em faixas onde há semáforos do gênero. "Mesmo em locais onde colocamos semáforos para pedestres, percebemos que eles se orientam muito mais pelo sinal do carro. Se já esta entrando no vermelho ele não atravessa e espera o novo ciclo", disse.

Nesse ponto, a diretora de trânsito da Urbs, Rosangela Battistella, defende apenas a permanência dos semáforos com temporizador exclusiva para pedestres.

O primeiro com contagem regressiva digital está instalado na esquina da Alameda Doutor Muricy com o calçadão da rua XV de Novembro, no Centro de Curitiba. Equipamento similar foi recentemente colocado, para experiência, defronte à Estação Rodoferroviária, na Avenida Affonso Camargo, ponto de concentração de trânsito veicular e pedestres que se dirigem ao terminal.

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