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Maringá

UEM tem 2 milhões de comprimidos contra hipertensão estocados e sem compradores

Com o estoque alto, produção no laboratório foi paralisada e alunos do curso de Farmácia não podem mais acompanhar processo de fabricação

Coordenadora do laboratório mostra o estoque que custa cerca de R$260 mil | Fabio Dias/Gazeta do Povo
Coordenadora do laboratório mostra o estoque que custa cerca de R$260 mil (Foto: Fabio Dias/Gazeta do Povo)

A Universidade Estadual de Maringá (UEM) não sabe o que fazer com dois milhões de comprimidos de um remédio contra a hipertensão. O estoque de Captopril 25mg é tão grande que a universidade precisou paralisar a fabricação até que encontre compradores. O lote tem custo aproximado de R$ 260 mil. De acordo com a professora Edeilza Gomes Brescansin, coordenadora-geral do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão em Medicamentos e Cosméticos da UEM (Lepemc), a dificuldade em vender o remédio vem da concorrência com laboratórios privados, que compram matéria-prima mais barata e podem oferecer melhores preços.

Segundo Edeilza, a diferença não é tão grande, mas é o bastante para o Lepemc perder licitações. Enquanto que o preço do medicamento fabricado em Maringá é de R$ 0,13, os laboratórios privados importam a matéria-prima diretamente e fazem por R$ 0,11. "Nossos principais clientes são as secretarias municipais, mas a maior parte delas participa de consórcios integrados", explicou. "Apenas 14 municípios não estão ligados (aos consórcios) e apostamos neles", contou.

O lote estocado foi fabricado recentemente e tem validade até 2011, mas enquanto não é vendido, o laboratório não pode voltar a produzir. Além da perda financeira, há o prejuízo para os alunos que não podem mais acompanhar o processo de fabricação industrial no laboratório. "Da mesma forma que o aluno de medicina precisa de um hospital, o aluno de farmácia precisa de um laboratório", disse a professora.

Edeilza acredita que a solução seria que o governo do estado comprasse toda a produção da universidade antes de negociar com outros laboratórios. "A nossa produção é como se fosse uma produção própria do governo, pois envolve os funcionários do estado", disse.

Há ainda matéria-prima para fabricação de mais um lote de 500 mil comprimidos. A última venda efetuada foi há cerca de duas semanas, quando o UEM negociou 120 mil unidades com uma prefeitura da região. O investimento na compra do equipamento foi de aproximadamente R$ 2 milhões. Com ele, o Lepemc tem capacidade para produzir por ano 100 milhões de comprimidos do Captopril 25 mg, remédio utilizado como anti-hipertensivo.

Produção de Tamiflu

Com o Lepemc com a produção quase parada – hoje fabrica álcool em gel para consumo interno da universidade – a UEM encaminhou ofício ao Ministério da Saúde e se ofereceu para utilizar a estrutura na fabricação do Tamiflu, único medicamente utilizado no tratamento da nova gripe.

Para concretizar o desejo, o Ministério da Saúde precisa autorizar o procedimento na universidade e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) terá que fazer uma última inspeção no local. Mas isso não será problema, segundo a professora Edeilza. "Acabamos de receber o Certificado de Boas Práticas de Fabricação na Linha de Sólidos", contou ela, o que representa as condições técnicas do laboratório que já tem 20 anos de existência.

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