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Um grupo formado por cinco vereadores - que se auto-intitulam "rebeldes" - pretende apresentar na próxima semana um projeto alternativo para a reestruturação organizacional da Câmara de Maringá. De acordo com a proposta deles, pelo menos 55 cargos comissionados (dos 78 existentes) no setor administrativo seriam cortados. A proposição vem responder ao relatório da Comissão que ficou responsável pelo estudo e indicou, na semana passada, um corte de 22 cargos de indicação política (que não necessita concurso público), gerando protestos de vários setores da sociedade.

O grupo é formado pelos vereadores Humberto Henrique (PT), Mário Vérri (PT), Marly Martins (DEM), Flávio Vicente (PSDB) e Doutor Manoel (PC do B).

"Cortar apenas 22 cargos é muito pouco. Como desconfiamos que os membros da Comissão que elaborou o estudo não iriam apresentar um projeto satisfatório, pois são ligados à presidência da Câmara, formamos outra comissão alternativa, para apresentar uma nova proposta", explica a vereadora Marly.

O grupo realiza o estudo há cerca de três meses e deve entregar o seu relatório na próxima semana. Segundo a vereadora, a economia gerada com o projeto deles seria de aproximadamente R$ 3 milhões ao ano. "Calcule quantos postos de saúde não podem ser construídos com esse dinheiro", questiona.

Para ela, há um inchaço de cargos comissionados desnecessário na Câmara. Ela cita, por exemplo, os cargos de assessores de biblioteca e técnico de laboratório fotográfico. "Como que eles existem, se a Câmara não tem biblioteca ou laboratório de foto?", questiona.Eles também questionam o número de cargos efetivos. "Atualmente existem 68 vagas, mas apenas metade delas está ocupada. O presidente anunciou recentemente que irá abrir concurso público para novas vagas, estamos verificando se essa necessidade é real", explica.

Independência

Para a vereadora Marly, mais do que a economia financeira, a diminuição de cargos comissionados significa a independência do vereador. "Existe muita barganha na Câmara, de vereador que oferece apoio a certas chapas ou projetos, em troca de cargos comissionados", afirma.

Segundo ela, se o número de comissionados fosse reduzido a apenas o necessário, a independência dos vereadores seria maior, bem como o seu comprometimento com as causas públicas e não políticas. "Quem sairia ganhando seria a população", diz.

Para o presidente da Câmara, Mário Hossokawa (PMDB) fazer o corte nos cargos políticos é complicado, em razão dos comprometimentos assumidos durante a campanha eleitoral. "Isso acontece nos poderes Executivos, em todos os níveis, e na Câmara não é diferente", afirma.

Ele confirma que a barganha por cargos na Câmara é grande. "Também acho que o corte deveria ser superior aos 22 apresentados pela Comissão, mas quando falamos em demitir alguém, essa pessoa geralmente é protegida de algum parlamentar e cria-se uma situação de indisposição política. É uma situação muito complicada para quem administra a Câmara", diz.

O presidente falou que irá analisar também a nova proposta do grupo de vereadores. "Quando colocarmos o projeto da nova estrutura da Câmara em votação, todos poderão opinar por melhorias e indicar modificações", fala. O projeto deve entrar em votação até o fim de abril.

A redação tentou entrar em contato com o vereador Heine Macieira (PP), presidente da Comissão que indicou o corte de 22 cargos comissionados na última semana, mas ele não foi encontrado em seu gabinete e seu celular estava desligado.

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