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Meio ambiente

Mata no centro de Irati é derrubada; caso está na Justiça

A empresa dona do terreno de 140 mil metros quadrados pretende fazer um loteamento na cidade de 59 mil habitantes

Depois de cinco anos lutando para manter em pé uma área preservada de mata nativa no centro de Irati, no Centro-Sul do Paraná, moradores assistiram nos últimos dois dias tratores e motosserras derrubarem parte da vegetação do local. A empresa dona do terreno de 140 mil metros quadrados pretende fazer um loteamento na cidade de 59 mil habitantes. O empreendimento estava suspenso pela Justiça, que voltou atrás e autorizou a continuidade das obras.

Conhecida como Mata dos Gomes ou Mata do Arroio dos Pereiras, a área é circundada por residências, tem trilhas abertas pela própria população, um campinho de futebol e uma queda d’água, além de muitas árvores nativas, como araucárias. Em setembro do ano passado, a Gazeta do Povo publicou reportagem sobre o impasse. Na época, o morador Jurandir Fernando Kaminski, 74 anos, destacou a relação afetiva que mantém com a mata. “Aqui era o terreiro da minha casa. Pegava pinhão do chão e sapecava. Tinha uma biquinha que eu e os meus amigos usávamos para tomar banho naquela água gelada.”

Parte dos moradores da cidade quer que a prefeitura ou alguma empresa local adquira a área e a transforme em parque. Para isso, seria preciso desembolsar cerca de R$ 10 milhões, preço estimado do terreno. Ambientalistas se reuniram na segunda-feira com o secretário estadual de Meio Ambiente, Ricardo Soavinski, que teria se comprometido a avaliar se há providências que possam ser tomadas.

Fabiana Orreda, uma das líderes do movimento que busca a preservação da área, conta que uma ação civil pública proposta no ano passado acatou, em primeira instância, o pedido para a que a obra não pudesse continuar. Contudo, o Tribunal de Justiça revogou a decisão. O caso agora aguarda parecer do Ministério Público. “O processo não está concluído. O problema é que se derrubarem tudo agora, não haverá nada em pé caso a Justiça considere que a área deva ser preservada”, comenta. Enquanto isso, a licença para corte de árvores, concedida pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP) expirou e foi revalidada.

Do lado de fora, moradores têm acompanhado a derrubada desde segunda-feira. “Já tem clareira”, diz Fabiana. Para Clóvis Borges, diretor da ONG SPVS, mesmo que a licença ambiental esteja revestida de legalidade, o interesse coletivo deve prevalecer. “É como a situação do ‘pacotaço’ do governo estadual. Algumas medidas até podiam ser legais, mas não eram morais e a pressão popular prevaleceu”, compara.

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