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Educação

MEC suspende vestibulares de 26 cursos superiores no PR, dois da UFPR

Graduações foram reprovadas por duas avaliações seguidas. Na UFPR, Jornalismo e Publicidade estão “congelados”

Campus de Comunicação da UFPR: curso de Jornalismo continua “congelado” | Marcelo Andrade/ Gazeta do Povo
Campus de Comunicação da UFPR: curso de Jornalismo continua “congelado” (Foto: Marcelo Andrade/ Gazeta do Povo)

Os cursos de Jornalismo e de Publicidade da Universidade Federal do Paraná (UFPR) estão entre as 26 graduações de instituições de ensino superior do estado que tiveram seus vestibulares suspensos pelo Ministério da Educação (MEC). Em duas avaliações consecutivas, todos eles ficaram abaixo da média no Conceito Preliminar de Curso (CPC), um indicador que leva em conta o desempenho dos alunos e o corpo docente das unidades. Em todo o país, 270 cursos – todos de ciências humanas – integram a lista do MEC.

No Paraná, dez das instituições que tiveram as vagas congeladas estão sediadas em Curitiba, uma na região metropolitana e 11 em outras regiões do estado (veja o infográfico). A UFPR é a única instituição pública que aparece na lista do estado. Entre os cursos com mais reprovações, estão Administração (com dez suspensões) e Ciências Contábeis (com cinco).

INFOGRÁFICO: Saiba quais são as graduações penalizadas pelo MEC no PR

As instituições com graduações reincidentes no mau desempenho – com notas inferiores a 2, em uma escala de 1 a 5 – no CPC serão obrigadas a assinar um protocolo com o MEC, se comprometendo a implantar melhorias nos cursos, que vão desde a reestruturação docente à organização pedagógica.

Os que vêm em "tendência ascendente" – que apesar da nota ruim, apresentaram melhoras entre os dois ciclos de avaliação – poderão ser autorizados a fazer novos vestibulares ainda em 2014. Para isso, uma análise in loco do MEC nas instituições deve comprovar que o compromisso está sendo cumprido. No Paraná, 12 dos cursos "congelados" estão nesta situação, inclusive os dois da UFPR.

O quadro é mais rígido para as 14 graduações de instituições paranaenses que estão entre os cursos em "tendências descendente". Estes só poderão abrir novas vagas quando o ciclo do protocolo tenha sido cumprido integralmente.

Análise

Entre os especialistas, a tônica é de que as modalidades de avaliação empregadas pelo MEC não dão conta de analisar as especificidades dos cursos e instituições. O doutor em Educação e professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL) Celso Luiz Júnior destaca a necessidade de o ministério aferir a qualidade cursos, mas critica o que chama de "ditadura da avaliação".

"Ao determinar que cursos podem ou não ficar abertos, o sistema exerce uma coerção sobre os que estão na linha mediana. O resultado é que os novos cursos que surgem são pensados em função da avaliação, em uma inversão de valores", apontou.

A pró-reitora de graduação da UFPR, Maria Amélia Sabbag Zainko, entende que o sistema dá mostras de esgotamento. "O Enade [Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes] tem descaracterizado a proposta da avaliação e gerando distorções. É hora de fazer um aperfeiçoamento", disse.

Alunos da UFPR boicotaram Enade

A inclusão dos cursos de Jornalismo e de Publicidade da UFPR entre as graduações que estão proibidas de abrir novas vagas não causou surpresa a professores e estudantes da instituição. Por duas vezes consecutivas – em 2009 e 2012 – os alunos desses cursos boicotaram o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). Em razão disso, a comunidade acadêmica "esperava" a má avaliação.

"A gente já sabia. Foi um posicionamento político deles. Agora, estamos trabalhando para mostrar que o Enade é um componente curricular obrigatório. Precisamos mostrar que o boicote não é o caminho", apontou a pró-reitora de graduação da UFPR, Maria Amélia Sabbag Zainko.

Nos próximos dias, a UFPR vai apresentar seu plano de ações, com vistas a voltar a realizar vestibular para Publicidade e Jornalismo ainda em 2014. "Temos uma condição estrutural boa. Não é isso que nos pega. Vamos demonstrar que a nota não foi boa por conta da não participação dos alunos", disse.

A pró-reitora garante que a universidade "vai brigar" para que os candidatos que prestaram vestibular e que vierem a ser aprovados assumam as vagas. "O MEC está extrapolando. Os aprovados vão entrar. Eles têm direito a isso. Vamos defendê-los judicialmente neste sentido", garantiu Maria Amélia.

O vice-presidente do Cen­­tro Acadêmico de Co­­municação Social da UFPR, Rafael de Andrade, contesta a tese de que infraestrutura dos cursos é "boa". Ele acrescenta que o objetivo do boicote era justamente chamar a atenção do MEC e da reitoria para a falta de investimento nos cursos. Diante do resultado, ele avalia que a iniciativa pode ter saído como um tiro no pé.

"Os laboratórios estão sucateados, os equipamentos são antigos e defasados. A gente queria abrir os olhos das instituições a essa situação, mas não deu muito certo. O curso está mal avaliado, mas não é por falta de capacidade dos alunos", afirmou.

Colaboraram Jorge Olavo e Maria Gizele da Silva.

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