A médica cirurgiã Rachel Pedrosa, que deixou cair o produto no olho esquerdo do menino Bruno Lima Furtado, de 1 ano e 7 meses, deletou o seu perfil das redes sociais. Na noite de quarta-feira, O GLOBO entrou em contato com ela pelo Facebook e nesta manhã constatou que o perfil foi deletado. Ao ser acessada a página da médica no Linkedin - rede que reúne informações profissionais -, que ontem estava disponível, aparece a mensagem "o perfil solicitado não existe".
A Polícia Civil vai investigar a médica, que usou uma cola cirúrgica para fechar um corte no supercílio do menino. O caso ocorreu na noite de terça-feira no hospital Rio's D'Or, no Pechincha, em Jacarepaguá. Bruno havia caído enquanto brincava dentro de casa e tinha sofrido um corte no supercílio ao bater numa mesa. A médica optou pela cola no lugar de fazer uma sutura. O produto tem a mesma substância (cianoacrilato) da cola tipo Super Bonder.
O caso está sendo investigado pela 41ª DP (Tanque), e a polícia enviará um ofício ao hospital para ouvir a médica. Também deverá ser ouvido o oftalmologista Fábio Oliveira, que prestou o segundo atendimento. Segundo o médico, Bruno não corre o risco de ter a visão prejudicada. Ele receitou um gel (para manter o olho lubrificado), um colírio antibiótico (para evitar inflamação) e soro fisiológico (para retirar a cola). O prazo para o olho ser descolado é de sete a dez dias. Caso isso não ocorra, será necessária uma microcirurgia.
Os pais da criança, o servidor público Fabiano Mendonça e a meteorologista Gilmara Furtado, acusam a cirurgiã Rachel Pedrosa de erro médico e pretendem recorrer à Justiça. A cola, de acordo com o casal, atingiu o globo ocular da criança e provocou o fechamento parcial da pálpebra. Os pais afirmam que a médica apertou com muita força o bastão da cola. Por causa do problema, o menino teve que ser internado na própria noite de terça-feira. Fabiano e Gilmara contaram que a cirurgiã ligou para um oftalmologista do hospital, que, no entanto, não pôde ir à unidade prestar atendimento.
"Ele (o menino) estava dormindo durante o atendimento e ficou muito agitado quando o produto caiu no olho. Começou a esfregar o olho, o que piorou a situação. Mas a médica em momento algum pediu a ajuda de uma enfermeira e usou apenas uma gaze com soro fisiológico para tentar retirar a cola. Depois, pediu desculpas e disse que nada além do que ela fez poderia ser feito", disse a mãe.
A assessoria do Cremerj informou que não há nenhum registro de reclamação contra a Dra. Rachel Pedrosa nos arquivos do Conselho. Casos como o de Bruno, esclarece o Cremerj, podem ser encaminhados ao órgão como denúncia pelo paciente ou pelo responsável. O Cremerj acrescentou que pode ainda investigar o caso com base nas informações da imprensa. O conselho abre uma sindicância e, quando necessário, inicia um processo ético contra o médico.



