
Rio Depois de 43 dias de operações na Vila Cruzeiro, favela adjacente ao Complexo do Alemão, a Secretaria de Segurança decidiu ampliar o cerco a todas as saídas do conjunto de favelas da zona norte do Rio de Janeiro. A região foi ocupada no início da manhã de ontem por 450 policiais, 150 deles da Força Nacional de Segurança. Os outros 300 são PMs de 17 batalhões do Rio. A operação foi batizada de Cerco Amplo.
A ação da polícia faz parte da segunda etapa de ocupação da Vila Cruzeiro, o principal reduto do Comando Vermelho, informou
Roberto Sá, subsecretário de Integração Operacional. A favela é contígua ao Complexo do Alemão, de onde partem os reforços que têm mantido a violenta resistência do tráfico à polícia nos últimos dias. Os confrontos já deixaram 17 mortos e 65 feridos.
A decisão foi tomada na noite de segunda-feira, numa reunião do secretário José Mariano Beltrame e da cúpula da segurança com o governador Sérgio Cabral. Naquele dia, o comandante da PM, coronel Ubiratan Ângelo, teve de encerrar às pressas um encontro com diretores de escolas no Complexo do Alemão e deixar o local sob forte tiroteio.
O governador Sérgio Cabral Filho (PMDB), que hoje assinou convênio com a ONG Ibiss liberando R$ 850 mil para atividades esportivas na Vila Cruzeiro, afirmou que a operação policial é o caminho para o segundo passo de seu plano para a região.
Ocupação
A Força Nacional chegou ao complexo de favelas às 8h50 e ocupou os acessos à Favela da Grota. Os soldados foram recebidos com explosões de bombas artesanais e responderam com disparos de fuzil. Ao mesmo tempo, a polícia entrou na Vila Cruzeiro, onde também houve confronto. O comércio foi parcialmente fechado e as aulas foram suspensas nas escolas próximas. Homens, mulheres e até crianças foram revistadas.
Na Vila Cruzeiro, os tiroteios eram ouvidos do asfalto e os confrontos pareciam ocorrer a poucos metros. Sebastião Ribeiro de Souza, de 51 anos, trabalhava numa praça, na Avenida Nossa Senhora da Penha, quando foi atingido por um tiro no braço direito, à tarde. Ele foi hospitalizado e não corre risco de morte.
Apesar das trocas de tiros esparsas, o clima era tenso. Pelos rádios comunicadores, traficantes diziam que a vida de um policial valia R$ 5 mil. Outro dizia que agentes da Força Nacional não tinham coragem de entrar na favela. "Eles não são malucos de colocar a cara aqui dentro", provocavam.



