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Gabriely: morta ao retornar para casa | Reprodução RPC TV
Gabriely: morta ao retornar para casa| Foto: Reprodução RPC TV

Gabriely não queria ir à escola

Antes de sair de casa pela última vez, a menina Gabriely Straub, 8 anos, manifestou a vontade de não ir à escola naquele dia. O relato é da tia materna Deise, 29. "Ela não gostava do motorista e por isso não queria ir à aula. Minha mãe insistiu porque minha irmã não acha certo faltar à escola", diz. A menina queria ser veterinária e gostava muito de desenhar. Era a mais velha das duas netas de Irene e Júlio. A filha de Deise, Emanuelle, 6 anos, cresceu junto com Gabriely e não se conforma com a perda da prima. "Elas sempre estavam juntas brincando. Minha filha está chocada, como todos nós", diz Deise.

Cerca de 200 pessoas acompanharam ontem o sepultamento do corpo da menina Gabriely Straub, 8 anos, no cemitério Jardim da Saudade, em Pinhais, na Grande Curitiba. Gabriely morreu anteontem quando voltava da escola e foi atropelada pelo próprio transporte escolar que a conduzia. O acidente ocorreu por volta das 18 horas, na Rua Pasteur, bairro Alto Maracanã, em Colombo. A menina retornava da Escola Municipal Eny Caldeira, no Bacacheri, em Curitiba, onde cursava a 3ª série do ensino fundamental.

Os avós maternos Júlio Straub, 51 anos, e Irene Maria da Conceição Cordeiro, 50, não quiseram acompanhar o sepultamento da neta. De dentro do táxi usado para o trabalho de Júlio, apenas observaram. "Estamos muito abalados. Já passamos por muita coisa", disseram, emocionados. A menina morava com os dois avós e a mãe, Drieli, 23 anos. A tia materna da menina, Deise, 29, conta que, ao chegar da condução, Gabriely foi liberada pela porta que dá para o lado da rua e o motorista não aguardou que ela entrasse em casa. "Meu pai (Júlio, o avô da menina) viu e tentou chamar a atenção do motorista batendo no vidro. Ao invés de frear, ele arrancou", diz.

A tia ainda conta que o motorista fugiu ao perceber que a menina havia sido atropelada. As três crianças que ainda estavam no micro-ônibus foram levadas por outro veículo. "Meu pai tentou socorrer. Ela morreu nos braços da minha mãe (a avó Irene)", diz. A menina era transportada por condução para a escola desde o jardim III por uma mesma empresa de transporte escolar. No fim do ano passado, a empresa informou que não poderia mais fazer a condução da menina, e indicou o atual prestador de serviços. A família pagava R$ 100 mensais pelo transporte da menina.

O transporte escolar que levava Gabriely não matinha monitor para acompanhar as crianças até as suas residências. A presença de um monitor é condição essencial para que a Urbs emita a licença ao condutor do transporte escolar. A empresa é responsável por emitir a licença e fiscalizar a atuação dos transportes escolares particulares em Curitiba. O micro-ônibus mantinha um adesivo do Sindicato dos Operadores do Transporte Escolar de Curitiba (Sindotec), mas o presidente, Marcos de Bem, não soube informar se o veículo que causou o acidente era seu associado.

Inquérito

O condutor do veículo que atropelou Gabriely, Nivaldo Ribeiro dos Santos, entrou em contato ontem por telefone com a delegada do Alto Maracanã, Márcia Rejane Marcondes. Um inquérito policial foi aberto para apurar o caso. Santos será interrogado hoje, às 10 horas, na delegacia. De acordo com a delegada, se for comprovada a negligência, o condutor pode pegar de 2 a 4 anos de prisão. "A pena pode ser aumentada dependendo do que for apurado", diz. A delegada ainda ressalta que existe uma discussão acadêmica entre especialistas em delito de trânsito sobre casos semelhantes, o que abre a possibilidade de o motorista ser indiciado por homicídio doloso (em que ele assume o risco pelo crime). A delegada ainda afirma que o veículo estava em nome de outra pessoa e Nivaldo atuava apenas como motorista.

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