O resultado do vestibular de 2007 da Universidade Federal do Paraná (UFPR) contrariou as previsões da própria instituição. Dos 4.420 candidatos aprovados neste ano, 36,4% não fizeram cursinho. É o mais baixo índice desde 2005, quando 43,3% dos calouros afirmaram não ter passado por preparação especial. Já entre os 4.094 que entraram no ano passado, 40,4% disseram não ter feito um curso preparatório.
De acordo com o reitor Carlos Augusto Moreira Júnior, a UFPR apostava no crescimento do porcentual dos "sem cursinho" a partir da reformulação da prova seletiva, que passou a exigir mais interpretação de texto do que conteúdo decorado. A tendência seria confirmada na segunda fase, inteiramente discursiva, quando o aluno colocaria à prova o conhecimento consolidado durante os três anos do Ensino Médio e não apenas nas aulas oferecidas pelos cursinhos pré-vestibulares.
A queda no número geral, entretanto, não é regra nos cursos mais concorridos. Em Medicina, com 29,79 candidatos por vaga neste ano, dos 176 aprovados, 13,64% não fizeram cursinho. O aumento foi de dois pontos porcentuais se comparado com o ano anterior, quando 11,36% dos aprovados afirmaram nunca terem passado por um curso preparatório.
Em Publicidade e Propaganda, o segundo mais concorrido, o número de aprovados nestas condições mais do que dobrou, passando de 13,33% para 30% entre 2006 e 2007.
Já em Jornalismo, terceiro curso mais disputado, houve uma redução se comparado ao ano anterior. Dos aprovados em 2007, 30% não passaram por um curso preparatório. Em 2006, esse porcentual chegou a 50%.
Para o coordenador do Núcleo de Concursos da UFPR, Valdo Cavallet, uma das explicações para a redução dos aprovados sem cursos pré-vestibulares é o investimento dos cursinhos em bolsas para os melhores alunos das escolas públicas. "Em 2005, a implantação das cotas fez estudantes sem cursinho se inscreverem", aponta. A partir disso, explica Cavallet, os cursinhos investiram em bolsas para oferecer aos alunos de escolas públicas e ações para captação dos melhores alunos. "Com bolsas e cotas, aumentaram as chances de gente que já tinha concluído o Ensino Médio voltar às salas de aulas", afirma.
O porcentual também pode ter sido alterado pelo aumento dos aprovados que fizeram cursinho por mais de um ano: passou de 10,06% em 2006 para 13,57% neste ano. Segundo o coordenador, não há possibilidade de avaliar uma tendência por curso. "A média confiável é de dez anos para análise consistente e temos somente três anos de comparativo a partir da criação das cotas", explica.
Para o diretor do Sindicato das Escolas Particulares do Paraná, Jacir Venturi, a queda se deve à agilidade dos cursos preparatórios em se adaptar às mudanças feitas nas provas. "O cursinho continua sendo um diferencial, justamente por essa agilidade. Foi o que aconteceu quando foi implantada a disciplina de Filosofia no teste. A adaptação foi muito rápida", afirma. Outro motivo da redução apontado pelo diretor é o empenho dos estudantes de cursinhos. "Os alunos são motivados, têm carga horária elevada. Isso ajuda especialmente em cursos mais concorridos", explica Venturi, que confirma a adoção da política de bolsas para alunos de baixa renda. "Hoje os cursinhos oferecem bolsa para os alunos de escolas públicas, que podem investir num estudo mais aprofundado", afirma.



