A adesão do paciente é um dos grandes desafios no tratamento de doenças crônicas. Convencê-lo da importância de tomar a medicação e seguir corretamente as orientações é uma das dificuldades mais comuns encontradas pelos médicos. Percebendo isso, a indústria farmacêutica passou a direcionar as pesquisas a fim de desenvolver drogas que precisem de menos doses, porém tenham a mesma eficácia.
No caso da osteoporose, por exemplo, um estudo da IOF (International Osteoporosis Foundation), constatou que 80% dos pacientes abandona o tratamento em menos de um ano. A inconveniência é apontada por 40% deles como motivo para o abandono. Os efeitos colaterais (20%) e o esquecimento da medicação (12%) também influenciam na baixa adesão. No entanto, desde o início de maio, já se pode pode optar por um tratamento mensal. Um único comprimido de ibandronato de sódio, tomado uma vez por mês, consegue, além de interromper a perda a fragilização da massa óssea, também, em alguns casos, recuperar o que já foi perdido.
Até então, o tratamento para osteoporose era feito com o uso de bisfosfonato, uma substância capaz de restaurar a massa óssea perdida, reduzindo o risco de fraturas. Suas variações (etidronato, alendronato e residronato) atuam com potência e tempo de ação diferenciados. A administração é feita em doses diárias ou semanais, porém exigem jejum e que o paciente mantenha-se em posição ereta nos 30 minutos após tomar o comprimido (isso evita a ocorrência de inflamação na mucosa do esôfago). A nova medicação, produzida pelo laboratório Roche e lançada com o nome comercial de Bonviva (preço: R$ 163), ainda requer os mesmos cuidados e ocasiona os mesmos efeitos colaterais, porém com um intervalo de tempo de um mês. "Isso representa um avanço significativo no tratamento, uma vez que deve melhorar a adesão principalmente entre pacientes mais idosos que precisam tomar diversas medicações", afirma o reumatologista Sebastião Radominski.
A aposentada Ruth Büttner, 70 anos, está animada com a novidade. Ruth descobriu a doença em estado avançado e chegou a fraturar o colovelo e o pulso em uma queda. Há dois anos, foi uma das 80 voluntárias que participaram do estudo que testou o ibandronato em pacientes no Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Paraná. "Para mim vai ser muito melhor poder tomar o remédio só uma vez por mês", afirma.
Estima-se que a osteoporose afete cerca de 25% da população brasileira. Segundo a IOF, 40% das mulheres do mundo correm o risco de ter uma fratura em decorrência da doença. Entre os homens, a porcentagem é menor, fica em cerca de 13%. As mais freqüentes são as fraturas na coluna, afetam em média uma a cada duas pessoas com mais de 50 anos. Em seguida, vêm as fraturas do antebraço, geralmente usado como apoio no momento da queda, e em terceiro lugar as do fêmur. De acordo com o médico e professor da Universidade Católica de Brasília, João Lindolfo Borges, as fraturas do fêmur são as mais preocupantes, isso porque metade dos pacientes se torna dependente depois do trauma e um em cada cinco morre dentro de um ano devido às complicações. Uma fratura de quadril representa em média um gasto de U$ 5.500 por paciente ao Sistema Único de Saúde. "Por isso o diagnóstico precoce e a prevenção são tão importantes", afirma. A partir da menopausa toda mulher deve fazer um exame chamado densiometria, para avaliar a massa óssea. O exame é rápido (dura cerca de quatro minutos), indolor e deve ser feito todos os anos.
Segundo o médico, uma alimentação rica em cálcio é o primeiro passo para evitar a doença. Além disso, a exposição solar, por 15 minutos, três vezes por semana, ajuda na produção de vitamina D, responsável pela absorção do cálcio no organismo. "Exercícios físicos regulares também contribuem. Caminhada, corrida e musculação são importantes tanto na prevenção como no tratamento", aconselha.
A repórter viajou a São Paulo a convite do laboratório Roche.



