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Cuiabá – O senador Aloízio Mercadante (PT-SP) desmentiu ontem, em depoimento à Polícia Federal, seu ex-assessor Hamílton Lacerda no caso do dossiê antitucanos. Mercadante disse que Lacerda não tinha nenhuma atribuição relacionada à arrecadação da campanha de Lula.

Ex-coordenador de comunicação da campanha de Mercadante ao governo de São Paulo, Lacerda foi apontado pela PF como a pessoa que levou o dinheiro do dossiê aos emissários petistas Gedimar Passos e Valdebran Padilha, presos no hotel Íbis com R$ 1,75 milhão. Lacerda foi flagrado pelo sistema de tevê do hotel com a mesma bolsa usada por Gedimar para transportar o dinheiro. À PF Lacerda afirmou que a mala continha boletos de contribuição para a campanha de Lula.

Mercadante foi ouvido ontem em seu gabinete no Senado pelo delegado Diógenes Curado, responsável pelo inquérito do dossiê. O senador disse que as únicas funções de Lacerda em sua campanha eram cuidar dos assuntos relacionados à região do ABC paulista e acompanhar seus programas de tevê.

"Ele (Curado) perguntou se ele (Lacerda) tinha alguma função na minha campanha relacionada a boleto de campanha do presidente Lula. Não, nenhuma. A função dele era exclusivamente essa que eu relatei. Na minha campanha não tinha nenhuma função relacionada à contribuição de campanha do presidente", disse Mercadante à reportagem, por telefone.

É o segundo petista de peso que desmente a versão de Lacerda. O presidente licenciado do PT, Ricardo Berzoini, já dissera que Lacerda não tinha atribuição relacionada à arrecadação da campanha de Lula.

O senador foi ouvido na condição de testemunha. Mercadante disse ao delegado que nunca viu nem falou com Gedimar ou Valdebran. Disse que conhecia Freud Godoy e Jorge Lorenzetti, mas que não teve contato recente com os dois.

Segundo o senador, durante o período do escândalo, inclusive a fase identificada pela PF como a da negociação do dossiê (de 15 de agosto a 15 de setembro), só esteve com Expedito Veloso e Oswaldo Bargas, mesmo assim uma única vez.

Mercadante contou que na véspera de um depoimento de integrantes da família Vedoin no Senado, em 5 de setembro, ele foi procurado por Veloso e Bargas: "Disseram que o PT estava sendo muito atacado. (...) Achavam que a nossa bancada deveria atuar no Conselho de Ética, porque os Vedoin estavam sob delação premiada e não estavam revelando tudo o que sabiam", relatou o senador.

Segundo ele, Veloso e Bargas lhe disseram que tinham informações de um "esquema" do governo FH com a máfia dos sanguessugas que incluía Abel Pereira e o ex-ministro Barjas Negri. Mercadante disse que não aceitou e que recomendou a Bargas e Expedito que procurassem a CPI. Afirmou que os dois não lhe falaram sobre dossiê. Sobre Lacerda, disse que ele nunca o informou de nada.

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