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Mesa na calçada para comer, beber, conversar e, agora, ler

Livrarias pedem ajuste em legislação para usar passeio público

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Vídeo (Foto: RPC TV)

As livrarias de Curitiba querem aumentar as opções de cardápio para quem gosta de sentar às mesas dispostas nas calçadas da cidade. Mais do que petiscos e bebidas, a idéia é colocar livros à disposição da clientela. E para isso, querem ter o mesmo direito de restaurantes e cafeterias em relação ao uso das calçadas em frente aos estabelecimentos. Esta é a proposta do presidente do Sindicato das Livrarias, Editores e Similares do estado do Paraná, Juraci Moreira, que encaminhou à Câmara Municipal de Curitiba um pedido para que a legislação já existente seja estendida também para quem trabalha com a venda de livros.

Hoje a Lei Municipal n.º 9.688 de 1999 permite que bares, confeitarias, restaurantes, lanchonetes e similares possam fazer uso do passeio público. Segundo Moreira, se a legislação for ampliada, as livrarias terão um acréscimo no incentivo à leitura. "Nosso país lamentavelmente tem baixos índices de leitores. Precisamos criar uma forma de expor os livros para tentar os clientes a comprá-los como se fossem doces em exposição. Isso também seria uma maneira de estimular ainda mais o contato das pessoas com os livros", diz.

Análise

O vereador Jorge Bernardi (PDT) recebeu a proposta de Moreira e pretende redigir um projeto de lei para ser votado pela Câmara até setembro. "Acredito no sucesso desta idéia. Se você pode usar o espaço público para tomar cerveja, porque não poderia utilizá-lo para a leitura de um livro?", questiona. Se for aprovado, o projeto de lei pode ser um decreto da legislação em vigor.

O proprietário da Livraria Ghignone, José Ghignone, recebeu a notícia com entusiasmo. Para ele, não importa se a pessoa irá usufruir do espaço apenas para ler. "Se não comprar o livro, pelo menos será mais um leitor assíduo", diz. Quando questionado sobre a possibilidade de o cliente estragar o livro durante a leitura no ambiente externo, Ghignone diz que dificilmente tem estragos por causa do manuseio. "Nossos clientes já costumam folhear livros e revistas no nosso café. As pessoas que procuram os livros normalmente têm um cuidado especial. Elas são atraídas pelo objeto que lhes interessa."

Para Aramis Chain, proprietário da Livraria do Chain, a extensão da livraria até a calçada é mais uma alternativa de marketing para os livreiros. "No local poderemos colocar livros em promoção para atrair os clientes. Seria uma maneira de mostrar o quanto o livro é barato. Às vezes, pode custar menos que alguns doces e salgadinhos", afirma. De acordo com Chain, a proposta também seria viável para desinibir o cliente que tem medo de entrar na livraria. "Queremos popularizar o livro. É claro que para isso é preciso educar. Quem vier aqui e não souber manusear o livro, terá de aprender."

Comida e bebida

Hoje existem em Curitiba pelo menos 20 empresas regulamentadas que fazem uso do passeio público. Elas pagam anualmente uma taxa pelo espaço e devem renovar a licença uma vez ao ano. Segundo o diretor do departamento do uso do solo da Secretaria Municipal de Urbanismo (SMU), Roberto Marangon, caso o projeto de lei seja aprovado, é provável que as livrarias tenham de se adequar à legislação municipal. A licença para utilizar a calçada é analisada individualmente pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) e expedida pela SMU. "Para usufruir do passeio, é preciso respeitar a metragem mínima para a circulação de pedestres, que é de dois metros. Isso é um fator que já restringe bastante", explica Marangon. O valor da taxa cobrada pela prefeitura depende da localização do imóvel. No centro da cidade, por exemplo, custa em média R$ 0,28 o metro quadrado multiplicado pelo número de dias em que a empresa faz uso do espaço público. Nos bairros, este valor cai para R$ 0,07.

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