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Circulação

Metade das armas no país é ilegal, aponta estudo de ONG e ministério

Relatório é do Ministério da Justiça e da ONG Viva Rio. De cada dez armas apreendidas no Brasil, oito são fabricadas no país

Quase metade das 16 milhões de armas que circulam no Brasil atualmente é ilegal, e no total 7,6 milhões de armas não registradas. Esses são alguns dados do Mapa do Tráfico Ilícito de Armas no Brasil e do Ranking dos Estados no Controle de Armas apresentados nesta segunda-feira (20) pelo Ministério da Justiça. Os estudos foram realizados em parceria com a organização não governamental Viva Rio.

Oitenta por cento das armas apreendidas no país são de baixo calibre, como revólveres, pistolas e espingardas de caça. Fuzis, metralhadoras e outros armamentos pesados fazem parte, em sua maioria, da realidade de apreensões durante operações contra o narcotráfico nas comunidades do Rio de Janeiro feitas pela Polícia Federal e pela polícia do estado.

Pelos dados levantados no Sistema Nacional de Armas (Sinarm), até setembro deste ano, circulavam no Brasil cerca de 16 milhões de armas de fogo. Desse total, 14 milhões (87%) estão com a sociedade civil. Sob a responsabilidade do Estado, figuram 2 milhões de armamentos, ou seja, 13% do total apurado.

Nas mãos dos brasileiros, de acordo com o levantamento, estão 7,6 milhões de armas ilegais - pouco menos das 8,4 milhões legalizadas. O coordenador do projeto destacou que, para melhorar esse controle, é necessário que o Estado implemente políticas mais rigorosas de fiscalização do armamento fabricado no Brasil e, também, entre os comerciantes desses produtos.

Das 288 mil armas apreendidas nos últimos dez anos, constatou-se que 30% foram adquiridas legalmente. "Sem controle do mercado legal, o canal está aberto para que as armas mergulhem na clandestinidade e no crime", destaca o estudo.

O relatório também concluiu que o Brasil é o "campeão mundial em números absolutos por morte de arma de fogo, com 34.300 homicídios por ano". Além disso, destacou que esse número que era ainda maior foi reduzido em virtude das campanhas de desarmamentos, proibição de porte de armas e reformas de polícias estaduais.

Outra característica apontada no texto é que de cada dez armas apreendidas no Brasil, oito são fabricadas no País e apenas duas vêm de fora. "Isso desmente a falsa impressão de que a maioria das armas ilegais é de fabricação estrangeira", disse o diretor do Viva Rio, Antônio Rangel, em entrevista à Agência Estado.

As principais origens das armas que chegam ao Brasil são: Estados Unidos (59,2%), Argentina (16,7%), Espanha (6,9%), Alemanha (6,4%) e Bélgica (4,1%).

"Na realidade, a arma brasileira - pistolas e revólveres - é a arma dos bandidos", explicou Rangel, para quem é mito achar que fuzis russos e israelenses são os grandes armamentos do crime. "Isso pode ocorrer apenas em territórios do tráfico no Rio, mas é exceção".

O estudo realizou um ranking com os estados brasileiros onde há maior descontrole de armas, considerado o fator que mais contribui para a violência urbana. Os quesitos analisados foram o cuidado no depósito das armas, o gerenciamento no seu controle e a produção de informações confiáveis sobre quem tem, onde estão e como são usadas as armas.

A pior situação estadual é de Rondônia, Sergipe e Amapá. Os melhores avaliados foram São Paulo, Distrito Federal e Rio de Janeiro.

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