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Indicadores

Metade das cidades do PR tem retrocesso socioeconômico

Estado teve desempenho geral ruim, mas manteve o segundo lugar no ranking nacional, no índice da Firjan

Veja quem melhorou e quem piorou no Paraná |
Veja quem melhorou e quem piorou no Paraná (Foto: )

Em vez de melhorar, piorou. O novo Índice Firjan de De­­senvolvimento Municipal (IFDM), divulgado na semana passada, mostra que a maior parte dos municípios paranaenses passou por um retrocesso entre 2005 e 2006 – anos mais recentes, cujos dados de saúde, renda, emprego e educação já foram computados. Fenômeno semelhante só foi observado em outros três estados brasileiros: Santa Catarina, Rondônia e Roraima. Em todos os outros 22 estados, o número de municípios que cresceu na escala de desenvolvimento de um ano para o outro é superior ao daqueles em que houve retrocesso. No mesmo período, 59% dos municípios brasileiros evoluíram.

O Paraná teve o pior desempenho entre os quatro estados em que o número de municípios que retrocedeu na escala do desenvolvimento foi maior. Dos 399 municípios paranaenses, 215 tiveram queda no IFDM, entre 2005 e 2006. Mesmo com redução de desenvolvimento em 54% dos municípios, o estado, no resultado geral, apresentou variação positiva, com aumento no IFDM de 0,5%. O índice mantém o Paraná na segunda posição, atrás apenas de São Paulo, entre os estados mais desenvolvidos do país.

De acordo com o chefe da divisão de estudos econômicos da Firjan, Patrick Carvalho, na comparação ano a ano, é possível que o índice mostre algum retrocesso nas cidades, mas é na comparação a longo prazo que se verifica o desenvolvimento propriamente dito. "Às vezes, damos dois passos para trás para dar um à frente. Um retrocesso não significa uma mudança na tendência de desenvolvimento a longo prazo", explica Carvalho. Por outro lado, segundo a Firjan, a análise ano a ano traz uma fotografia real de determinado momento.

O presidente do Instituto Paranaense de Desen­vol­vimento Econômico e Social (Ipardes), Carlos Manuel dos Santos, ressalta que a variação no índice de desenvolvimento sofrida por maior parte dos municípios entre 2005 e 2006 não chegou a significar mudança de patamar – o índice Firjan vai de 0 a 1, sendo que de 0 a 0,4 refere-se a um desenvolvimento baixo; 0,4 a 0,6 é regular; 0,6 a 0,8, mo­­derado; e 0,8 a 1, alto.

A análise dos indicadores no período entre 2000 e 2006 mostra outra realidade. Neste in­­tervalo, o Paraná deu um salto em desenvolvimento, na avaliação de Santos. "Foi bastante significativo. No mapa, percebemos que passamos de uma situação crítica para uma de equanimidade entre os municípios", opina.

Avanço

De 2000 para 2006, o estado passou de 166 municípios com desenvolvimento regular para 30, enquanto o número de mu­­nicípios com desenvolvimento moderado saltou de 232 para 356. O número de municípios com índice de desenvolvimento alto saltou de 1, em 2000, para 13, em 2006, ainda que em 2005 fossem 17 municípios nesta es­­cala.

"De 2005 para 2006, diminuiu o número de municípios com alto índice de desenvolvimento de 17 para 13, mas isso foi compensado pelo aumento de municípios com desenvolvimento moderado, de 346 para 356", explica Santos. "É, por isso, que mesmo com a queda do índice em vários municípios, como um todo, o Paraná melhorou", completa.

Na decomposição do índice de desenvolvimento da Firjan 2005 e 2006, o setor que puxou para baixo o IFDM 2006 da maior parte dos municípios paranaenses foi emprego e renda. "São variáveis que se alteram mais facilmente", explica Santos. Dos 399 municípios, 242 (61%) tiveram variação negativa no IFDM-Emprego & Renda. Rosário do Ivaí, no Norte Central do estado, por exemplo, chegou a ter o IFDM-Emprego & Renda diminuído em 61% no período.

Reflexos

Para a professora de Geografia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Olga Firkowski, o índice de emprego e renda é um ponto chave no desenvolvimento. "Esse é o nosso maior problema, porque o emprego e renda afetam a saúde e educação", explica. O presidente do Ipardes esclarece que a queda da variável ocorreu apesar do aumento de empregos no estado. "O que po­­de não ter crescido tanto é o salário médio", pondera.

De acordo com Santos, ainda, uma seca ocorrida em 2005, com desdobramentos em 2006, pode ter afetado o índice também. "Os municípios que têm relação direta com a agricultura ou que têm uma estrutura industrial concentrada nisso podem ter sido afetados", opina. "A retração do PIB em 2005 pode ter sido sentida em 2006 também."

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