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Metade dos curitibanos tem animais em casa

Cachorro é preferência em oito de cada dez lares com bichos de estimação na capital paranaense

Flávia Twardowski abandonou o curso de Design de Moda para abrir um hotel para cães: “Sempre cabe mais um” | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Flávia Twardowski abandonou o curso de Design de Moda para abrir um hotel para cães: “Sempre cabe mais um” (Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo)

Nada de gatos, ratos, pássaros ou roedores. Dos mais de 56% dos curitibanos que têm animais de estimação em casa, quem está na maioria dos lares é o "melhor amigo do homem". De acordo com uma pesquisa realizada pela empresa de inteligência estratégica iBrain, o cachorro é o companheiro de 83% dos entrevistados. "Ficamos surpresos com o porcentual tão elevado de pessoas com animais em casa, ainda mais em todas as faixas de renda", comenta o sócio da empresa, Fábio Tadeu Araújo. Em relação ao cachorro, sem surpresas. "Imaginávamos que ele seria o mais popular."

INFOGRÁFICO: Mais da metade dos curitibanos têm animais de estimação

Os índices obtidos pela pesquisa podem estar ligados ao que as pessoas ganham na relação homem-animal, cachorro ou não. "Os bichos desenvolvem nossas habilidades de interação social. Crianças e idosos, que acabam expostos a um maior grau de isolamento, encontram nos bichos importantes companheiros", comenta o coordenador do curso de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Naim Akel Filho. A personalidade canina intensifica essa aproximação, já que os cães são mais dependentes que os gatos, por exemplo. "Eles precisam mais dos humanos para sobreviver e se entrosam mais facilmente", explica a veterinária Ana Paula Sarraff Lopes.

A maneira com que a sociedade vê os animais de estimação contribui para que eles se tornem cada vez mais importantes. "A presença de um pet requer que os donos mudem suas rotinas e estabeleçam prioridades. Os cães e gatos acabam se tornando verdadeiros membros da família", destaca.

Energia boa

A empresária Flávia Twardowski, proprietária do Recanto Canino Tio Fred, que está em funcionamento desde o fim de 2011, concorda com esses benefícios. "Os cachorros passam ‘uma energia boa’ e fazem com que a gente se sinta bem", comenta. Ex-estudante de Design de Moda, a vida dela mudou completamente por causa dos animais. Largou tudo para cuidar dos cães e mantém cerca de 30 em seu hotel: oito são dela, 14 foram resgatados pelo projeto "Animais Sem Teto" e os demais são hóspedes. "Fico das 9 às 18 horas de olho nos cães, o que me deixa cansada. Mas o que importa é que eles recebam atenção", conta Flávia, que cogita cursar Medicina Veterinária.

Além do bem-estar, o companheirismo entre as espécies pode trazer benefícios à saúde humana, atuando na prevenção e no combate de doenças. "Quando alguém brinca com um cachorro, por exemplo, a sensação de solidão, que leva à depressão, é minimizada", explica Akel Filho. Condições como o estresse, a ansiedade e até o Mal de Alzheimer também podem ser evitadas por meio do contato com animais. "Isso acontece porque eles nos ajudam a evitar a liberação do cortisol, o ‘hormônio do estresse’, como é conhecido", completa o psicólogo.

Pets requerem atenção e planejamento

A ONG Animais Sem Teto existe desde 2007 e surgiu para lutar contra um problema sério: o abandono de animais. "Morava no Hauer e reparei que os animais eram maltratados. Falta responsabilidade e conscientização às pessoas, o que faz com que eles sejam abandonados", explica a presidente do projeto, Ana Paula Slesaczek. Ela, três amigas e a filha resgatam cachorros e gatos em estado de risco e providenciam tratamento até que surja alguém que queira adotá-los.

Segundo a veterinária Ana Paula Sarraff Lopes, uma das principais causas para o abandono é o desconhecimento dos donos. "Quem quer um cão precisa pesquisar as especificidades de cada raça. Além disso, não se pode esquecer que um filhote é diferente de um adulto", alerta.

Para quem estiver pensando em comprar ou adotar um cachorro, ela dá algumas recomendações. "É preciso verificar se há espaço suficiente para o bicho e se o futuro dono terá tempo para cuidar dele", diz. A existência de crianças na casa também faz toda a diferença, já que há raças com mais dificuldade em conviver com elas, como rottweilers e pitbulls. "O animal não tem culpa que foi comprado ou adotado por alguém que não teve responsabilidade. Um cachorro vive entre 15 e 20 anos e ele precisa de atenção", ressalta.

A quem já tem um animal, a veterinária destaca a importância de passear pelo menos duas vezes por dia, principalmente para aqueles que vivem em apartamentos. "O cachorro precisa se sociabilizar com outros, porque isso contribui para seu desenvolvimento", diz.

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