Paranaguá, no litoral do estado, vai se tornar a primeira cidade brasileira a adotar um método desenvolvido no Japão para recuperar o solo de aterros sanitários, evitando a contaminação do meio ambiente com a eliminação do gás metano e do chorume. Trata-se do sistema Kawashima, que acelera o processo de compostagem transformando resíduos sólidos em adubo. O projeto foi apresentado pelo município durante audiência pública promovida pelo Ministério Público Estadual (MPE) na sede da Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Paranaguá (Aciap), no último dia 29.
A prefeitura de Paranaguá está fechando uma parceria com o Instituto Hyogo para implantar o sistema. Gervásio Tao Iwamoto, técnico do instituto, diz que o sistema convencional existente no Brasil leva entre 65 e 120 dias para transformar o lixo orgânico em compostagem, enquanto o método japonês, especialmente criado para a agricultura, apresenta resultado entre 15 e 20 dias. Além de produzir um composto rico em nutrientes, o sistema impede a contaminação do solo.
Dois técnicos estarão chegando do Japão para orientar a implantação, que deve ocorrer dentro de 60 dias, de acordo com a prefeitura. Iwamoto acredita que, uma vez adotado o sistema, em poucos anos o município irá recuperar o aterro sanitário e poderá usar o espaço para a criação de um parque, por exemplo.
Para o prefeito José Baka Filho, além das vantagens ambientais, o sistema Kawashima propiciará ao município adquirir os créditos de carbono concedidos àqueles que preservam o meio ambiente.
Coleta seletiva
A audiência promovida pela Coordenadoria do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Proteção ao Meio Ambiente do Paraná, do MPE, deu seqüência às discussões iniciadas em setembro do ano passado sobre a reciclagem de resíduos sólidos e o estímulo à criação de cooperativas de catadores no litoral do estado.
Em Paranaguá, a Associação de Catadores da Vila Santa Maria participa do primeiro projeto de coleta seletiva solidária com a participação de ex-catadores do aterro sanitário do Embucuí. A prefeitura, por meio da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, coleta material reciclável e encaminha para a associação, que separa o lixo e o revende.
Uma média diária de 300 quilos de lixo reciclável está sendo separado pela associação. Porém, o volume é considerado muito baixo para atender os associados e atrair outros catadores dentre os 100 que ainda sobrevivem do lixão, na opinião de Úrsula Cardoso, presidente da associação da Vila Santa Maria. A tesoureira da associação, Luciane Rocha, afirma que o rateio da venda de uma carga fechada rende em média R$ 150 por associado. Atualmente, a associação conta com 15 mulheres e dois homens e leva aproximadamente um mês para fechar a carga.
O promotor de justiça e coordenador do Centro de Apoio Operacional, Saint Clair Honorato, está satisfeito com os resultados parciais apresentados na última audiência. Segundo ele, com a implantação da coleta seletiva foi possível resgatar três mulheres que haviam voltado para o aterro e a meta para a próxima audiência, marcada para 5 de maio, é trazer mais 17 pessoas para a associação. "A prefeitura precisa colocar a sua estrutura para ampliar a captação do material reciclável, porque eles querem e precisam trabalhar", enfatiza. Segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, existem 350 catadores cadastrados em Paranaguá sem estarem organizados.



