A precária estrutura do minipresídio de Apucarana, no Norte do Estado, foi novamente burlada pelos presos que, pela terceira vez neste ano, conseguiram fugir através de um túnel. O buraco, com cerca de 9 metros de comprimento por 50 centímetros de diâmetro, foi escavado durante a madrugada de ontem. Ele interligava celas da terceira e quarta galerias com uma área de lazer, situada no terreno ao lado do minipresídio, nos fundos da 17ª Subdivisão Policial.
Pelo túnel fugiram 23 dos 170 detentos encarcerados nas quatro galerias do prédio, por volta das 4 horas. A guarda do presídio não percebeu a fuga e teria sido avisada só pela manhã, por um preso que preferiu não se evadir. O prédio também dispõe de câmeras de monitoramento, mas ninguém observou a movimentação dos fugitivos. Ao sair no terreno da delegacia, eles ainda percorreram 50 metros até alcançar e pular o muro.
Para escavar o túnel, os detentos utilizaram colheres, garrafas pet e ferramentas improvisadas com pedaços de madeira e barras de ferro. O grupo perfurou o piso de uma cela e uma parede, permitindo a interligação de celas. A terra retirada do buraco foi em parte deixada sobre as camas e em parte atirada em latrinas.
Quando a fuga foi confirmada, dezenas de viaturas da Policia Militar foram mobilizadas na cidade e os policiais conseguiram localizar e recapturar seis fugitivos. Eles foram encontrados na casa de um ex-detento, no Jardim Eldorado, que havia sido colocado em liberdade há três dias e que também foi detido. No fim da tarde, mais dois foram presos.
Até o início da noite de ontem equipes da PM continuavam em diligências por bairros de Apucarana, na busca dos demais presos. Policiais civis também reforçaram as investigações, vistoriando residências de parentes e amigos dos fugitivos.
O delegado Gabriel Marcelo Botelho da Junqueira Filho instaurou inquérito para apurar responsabilidades. Ele admitiu ontem que, apesar de o minipresídio ter recebido reforço na sua estrutura, com o prolongamento subterrâneo em parte das paredes externas, ainda assim os detentos conseguem superar este obstáculo. "É preciso admitir que as condições do prédio são precárias; precisamos agilizar a transferência de presos para outras unidades", comentou Junqueira.
