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Coincidências

Minuto que vale uma vida

Detalhes definiram os destinos de envolvidos na tragédia que teve início há uma semana, na região serrana do Rio de Janeiro

Aposentado João Luiz Carreiro, 50 anos, morador de Teresópolis: queda da porta da cozinha era “Deus mandando” sair | Daniel Castellano / Gazeta do Povo
Aposentado João Luiz Carreiro, 50 anos, morador de Teresópolis: queda da porta da cozinha era “Deus mandando” sair (Foto: Daniel Castellano / Gazeta do Povo)

Teresópolis (RJ) - Não fosse o barulho da porta da cozinha caindo por causa do temporal, o aposentado João Luiz Carreiro, 50 anos, teria continuado a dormir, enquanto se iniciava a maior tragédia provocada pela chuva no Brasil. Para Carreiro, morador de Teresópolis, no Rio de Janeiro, a queda da porta era "Deus mandando" ele sair de casa. O aposentado, a esposa e uma amiga, que morava na casa, saíram rapidamente para um lugar mais seguro. Mais uma estória de fuga chegava ao fim? Ainda não. Durante a retirada, a esposa de Carreiro, Marta Helena Ponte, 48 anos, decidiu voltar e buscar o celular. A amiga Nadir decidiu acompanhar Marta. Nestes cinco minutos, parte de um morro deslizou em cima da casa e as duas morreram. "Quando vi o desmoronamento sabia que elas tinham ido embora", afirma Carreiro.

Minutos, coincidências e sorte definiram os destinos dos envolvidos na tragédia que teve início há uma semana. Os que sobreviveram agradecem a vida, mas também se questionam se não poderiam ter feito algo de diferente para evitar mortes. A auxiliar de acabamento Andréia Bachini, 39 anos, é um desses exemplos. Moradora de Nova Friburgo, outro município atingido, Andréia conseguiu se salvar porque teve a decisão certa na hora certa. "Escutei o barulho, um monte de gritos na rua. Desci para ver e o córrego estava transbordando. Falei: ‘não vou ficar aqui’".

Andréia saiu com as oito crianças e sete adultos da família que moravam no prédio de quatro andares. Somente o pai dela, Roberto Bachini, 62 anos, ficou em casa. Ele continuava dormindo mesmo com o barulho, provavelmente porque tinha bebido, conta a auxiliar. O cunhado dela voltou para chamar Roberto, mas o rio já tinha transbordado e não tinha mais acesso. O prédio da família deslizou. "Mais dez minutos e nós ficávamos lá também", diz Andréia.

As coincidências também fazem parte do trabalho de resgate de corpos. O agente voluntário da Defesa Civil Leonardo Vargas acompanhava um destes resgates na última quarta-feira. De repente, furou o pneu da máquina e a operação teve de ser paralisada. Logo em seguida, ouviu-se um barulho nos destroços. Era um homem que tinha sobrevivido aos escombros pedindo socorro. "Íamos começar a escavar pelo lugar errado", conta Leonardo. A vítima ficou 16 horas nos escombros e foi retirada viva do local, graças ao imprevisto e seu pedido de socorro na hora certa.

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