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Morre aos 104 anos mulher que inspirou “A Polaca”, de Guido Viaro

Hedwiges Mizerkowski Macanhan foi também uma das primeiras mulheres a trabalhar na Rede Ferroviária Federal e destaque em documentário do cineasta Fernando Severo

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(Foto: Reprodução)
O cineasta Fernando Severo (à esq.), que produziu o longa-metragem A Polaca, Vânia e Constantino Viaro, nora e filho de Guido Viaro, em comemoração aos 102 anos de Hedwiges Mizerkowski, musa do pintor, retratada por ele na década de 30. |

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O cineasta Fernando Severo (à esq.), que produziu o longa-metragem A Polaca, Vânia e Constantino Viaro, nora e filho de Guido Viaro, em comemoração aos 102 anos de Hedwiges Mizerkowski, musa do pintor, retratada por ele na década de 30.

Morreu aos 104 anos, na tarde deste sábado (12), a ferroviária aposentada Hedwiges Mizerkowski Macanhan, modelo de uma das telas mais importantes do pintor Guido Viaro, "A Polaca". Após ser internada na Santa Casa de Misericórdia, Hedwiges contraiu uma infecção pulmonar e faleceu por volta das 13h30.O corpo será velado a partir das 21 horas deste sábado na Capela Vaticano, no bairro São Francisco, e o enterro acontecerá às 15 horas deste domingo (13) no cemitério Bom Jesus dos Passos, em Piraquara.

Além de ter posado para o artista, Hedwiges demonstrou de outras maneiras que era uma pessoa de vanguarda.Nascida e criada em Curitiba, trabalhou durante 40 anos na Rede Ferroviária Federal, primeiro no controle de estoque; depois, no setor de orçamento. Recebeu homenagens dos ferroviários por tantas linhas que ajudou, direta ou indiretamente, a construir pelo estado todo.

Em 1929, quando ainda era moça, conheceu Viaro, recém-chegado da Itália, com quem teve um romance. Conta-se que "A Polaca" foi pintado em 1935, apenas com a memória que o artista tinha das semanas em que Hedwiges posou para ele, em um sótão no centro de Curitiba. A modelo também foi inspiração para o quadro "Conjectura", destruído pelo próprio Viaro quando a amada não aceitou o pedido de casamento.

Viaro se casou, mais tarde, com Yolanda Stroppa, e Hedwiges se encantou por outro italiano, Guerino Macanhan, com quem teve um filho de mesmo nome. Amou seu trabalho na Rede Ferroviária, assim como amava as pessoas a seu redor, a quem fez questão de transmitir muito carinho. Pessoa bastante informada, não deixava a idade tirar seu contato com o mundo e a pitada de humor no modo de se relacionar com o que vivia.

Mesmo após ter atingido seu centenário, a criatura loira de olhos azuis viveu grandes momentos sociais. Aos 102 anos gravou um longa-metragem, o documentário "A Polaca", de Fernando Severo, lançado no ano passado. Em seguida, chegou de limusine à sua festa de 104 anos, que contou com a presença de amigos ligados ao mundo da cultura e a jornalistas, por quem nutria muito carinho.

Sua última surpresa na vida social foi o reencontro com uma amiga de infância, Ana Sicupira, também de 104 anos. Depois de repartir algumas bonecas, as duas vizinhas se casaram, cada uma foi para um lado e quis o destino que só trocassem olhares e conversas 90 anos depois.

Mas, à primeira inspiradora de Viaro foi poupado mais um evento importante: em dezembro deve ser lançado o livro "Pessoas que inspiram", escrito por Letícia Ávila sobre a vida da ferroviária e outras duas personalidades que fazem encher os olhos e as esperanças do leitor.

Hedwiges deixa um filho, dois netos e duas bisnetas.

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