
Um general "boa-praça". Assim poderia ser definido o general da reserva Ítalo Conti, que faleceu na madrugada de ontem, aos 97 anos. Segundo a família, vítima de "morte natural". A vida militar começou cedo, no Rio Grande do Sul, onde Conti era voluntário do Exército e se colocou à disposição para defender o Brasil na Segunda Guerra Mundial.
Na Itália, segundo a família, Conti participou das batalhas de Montese e Monte Castelo como observador avançado da artilharia da Força Expedicionária Brasileira (FEB). Na primeira, de acordo com a literatura sobre a participação brasileira na guerra, o Exército brasileiro impôs uma importante derrota ao regime nazista ao abrir caminho para que os Aliados, grupo encabeçado por Estados Unidos, França e Inglaterra, marchassem rumo ao rio Pó. Já em Monte Castelo, batalha travada no fim da Grande Guerra, o exército brasileiro combateu junto com as forças dos Aliados em seis grandes ataques. Encerrou-se ali a participação de Conti na Segunda Grande Guerra Mundial, após nove meses na Itália, onde recebeu a notícia do nascimento de um dos seus dois filhos, Ítalo Conti Júnior, hoje com 68 anos.
De volta ao Brasil, o gaúcho Conti fez o curso para o Estado-Maior do Exército e, quando já comandava um batalhão, recebeu um convite do então governador do Paraná, Ney Braga, para ser o primeiro secretário da Segurança Pública do Paraná. À frente da pasta entre julho de 1962 e janeiro de 1966, ele foi testemunha ocular dos primeiros anos do regime militar do Brasil.
Ditadura
Parte dessa história foi recontada pelo próprio, em entrevista à Gazeta do Povo, na qual confidenciou que Ney Braga havia conspirado contra o então presidente eleito, João Goulart. "O Ney não só era favorável [ao golpe] como integrava o grupo de conspiradores", afirmou Conti em entrevista publicada no dia 31 de março de 2009.
A vida pública do general da reserva, porém, não terminou em 1966. Ele ainda teve fôlego para chefiar mais duas secretarias durante a gestão de Paulo Pimentel (1966 a março de 1971). A fama de incansável foi reafirmada há 17 anos, quando assumiu a gestão de Regionais da prefeitura de Curitiba. "Ele era incansável: o primeiro a chegar e o último a sair. Fez 97 anos no último dia 29 de setembro, tomando chopinho e uísque", confidencia Ítalo Conti Júnior, que ressaltou durante o velório do pai a imagem que tinha dele. "Foi um exemplo de político, ficha limpa, e de militar. Além disso, era extremamente bondoso e tinha uma preocupação em ajudar os mais humildes.
Antes de ser cremado, o corpo do general da reserva, último fundador vivo do Círculo Militar do Paraná, foi velado no Museu do Expedicionário. Além dos filhos, Ítalo Júnior e Vera Lúcia Conte Queiroz, Conti deixa a esposa, cinco netos e oito bisnetos.




