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Onivaldo Cassiano, que foi operado durante 51 horas, morreu um mês após voltar para casa | Roberto Custódio/Arquivo Jornal de Londrina
Onivaldo Cassiano, que foi operado durante 51 horas, morreu um mês após voltar para casa| Foto: Roberto Custódio/Arquivo Jornal de Londrina

Morreu na madrugada desta terça-feira (30), em Londrina (Norte do Paraná), o gerente de vendas Onivaldo Cassiano, de 49 anos, que ficou conhecido após passar por uma cirurgia cardíaca de 51 horas. Cassiano, que foi operado em julho e já estava em casa havia um mês, sofreu uma infecção na última quinta-feira (25) e procurou a Santa Casa de Londrina com muita febre. O cardiologista Luiz Carlos Miguita, que acompanhava a recuperação de Cassiano, conta que o paciente contraiu pneumonia, que acabou evoluindo até a morte do paciente. "Fomos derrotados por uma bactéria", diz o médico.

Internado ainda na quinta-feira, o gerente de vendas teve piora no quadro clínico. "Ele passou a apresentar problemas circulatórios, com pulso bastante elevado", conta Miguita. "A condição de infecção a que Cassiano evoluiu é chamada de choque séptico, que é bastante grave", explica o médico. Às 20h de segunda-feira (29), o paciente foi internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). "A infecção evoluiu muito rápido e ele acabou morrendo de uma falência múltipla dos órgãos", lamenta Miguita.

"Não teve nada a ver com a cirurgia, da qual ele se recuperava muito bem", explica o médico. Segundo ele, a única relação que o longo procedimento pode ter com o óbito é que, devido à grande quantidade de sangue trocado e ao estresse físico e mental, o paciente acabou ficando imunodeprimido, o que facilitou a infecção. "No estado de choque séptico, o índice de mortalidade é muito grande mesmo", afirma.

Em abril, durante exames de rotina, Cassiano descobriu que tinha um aneurisma de aorta, principal irrigação sangüínea do corpo. Como a anomalia poderia levar a uma ruptura do órgão, ele decidiu passar pela cirurgia. Internado no dia 21 de julho e operado entre as 7h30 do dia 28 e as 10h30 do dia 30, Cassiano ficou mais dez dias na UTI e outros 15 no quarto do hospital. Somente no dia 25 de agosto teve alta. "Sabia que ia ser de risco, já que envolvia o coração, mas nunca imaginei que fosse dar tanto trabalho", disse ele na época. Ele contou que em toda a vida jamais havia passado por uma intervenção.

O paciente recebeu a recomendação de ficar em repouso por 30 dias, e estava prestes a voltar a trabalhar. Em entrevista concedida à Gazeta do Povo Online logo que recebeu alta, o gerente de vendas se mostrava ansioso para retornar às atividades. "Quando a gente fica só em casa, fica sem saber o que fazer", reclamava.

A cirurgia foi realizada pelo médico Francisco Gregori Júnior. Durante as 51 horas de operação, Cassiano sorveu quase 400 bolsas de compostos sangüíneos sem que houvesse coagulação – algo equivalente a trocar por 20 vezes todo o sangue do corpo. O paciente contou que mais de 30 amigos se revezaram em doações de sangue e na atenção à família. Enquanto isso, o médico Francisco Gregori Júnior chegou a cochilar no chão para descansar um pouco.

A equipe se revezou por mais de 15 horas segurando o tórax aberto de Cassiano com as mãos, enquanto compressas tentavam conter a hemorragia. "Até que o coração voltou a bater forte e bonito. Sabia que uma hora teria que coagular", disse, na época, Gregori. Segundo o médico, pacientes que ultrapassam a 10ª hora de cirurgia têm apenas 2% de chance de sobreviver.

O corpo de Cassiano será velado das 11h às 14h no Parque das Oliveiras, em Londrina, de onde seguirá para o Cemitério Municipal de Jales, em São Paulo, onde será enterrado.

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