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Casos teriam sido "fatalidades"

O diretor-clínico do Hospital Victor Ferreira do Amaral, José Sória Arrabal, afirmou que a morte dos dois natimortos (fetos mortos antes do parto) citados na reportagem ao lado foram "fatalidades" e que não houve erros médicos. Com os prontuários das pacientes Tânia Cristine Marçal e Renata Fernandes dos Santos em mãos, ele falou sobre as dúvidas delas. "Infelizmente, o bebê de Renata não tinha mais batimentos e as suas contrações começaram um dia antes, às 23 horas", disse. O médico afirmou ainda que ela demorou para procurar a maternidade. "Ela só veio no dia 19, às 19 horas", afirmou o diretor.

Arrabal explicou que todas as providências foram tomadas no outro caso, da auxiliar de cozinha Tânia. "Ela era examinada de hora em hora. Estava tudo bem. Foi uma fatalidade", afirmou. Além disso, ele lembrou que o próprio governo incentiva o parto natural (apesar disso, no ano passado, 56,40% dos partos em Curitiba foram por cesariana).

O médico informou ainda que o hospital faz em média de 300 a 340 partos por mês, com baixo número de mortes intra-uterina. "Quando as coisas acontecem com a gente, procuramos um culpado. Fizemos Medicina para salvar vidas, não para matar. Mas não somos Deus, somos seres humanos, que podem errar tentando acertar, embora isto não tenha ocorrido em nenhum dos dois casos."

A morte de bebês prematuros no período perinatal (durante e até 72 horas após o parto) é a principal causa da mortalidade infantil em Curitiba. Do total de 291 óbitos de crianças de até um ano ocorridos em 2005, 52,23% foram por prematuridade. Segundo o secretário municipal de Saúde, Luciano Ducci, para reduzir o número de partos prematuros, e por conseqüência de mortes de bebês, uma das medidas adotadas foi a notificação de casos de infecção urinária das gestantes, problema que tende a antecipar o nascimento. Também houve a reativação do grupo de enfermeiras, responsável pelo monitoramento e tratamento de gestantes com diabete e hipertensão arterial.

As duas ações são desenvolvidas dentro do Programa Mãe Curitibana (criado em 1999), que vem garantindo a redução das taxas de mortalidade infantil na cidade. O índice caiu de 20,35 óbitos por mil nascidos vivos, em 1995, para 10,7, em 2006 (em 2005 a proporção era de 11,91). A meta é baixar a mortalidade para menos de um dígito por mil nascidos vivos.

A tendência de queda da mortalidade infantil é nacional, segundo estatísticas do Ministério da Saúde, que registrou redução de 7,4% no risco do óbito infantil entre os anos de 2002 e 2004. A região que mais contribuiu para a diminuição foi a Nordeste, com redução de 8,9%. Os estados com queda mais acentuada foram Ceará (10,2%), Piauí (9,6%), Bahia (9,6%) e Alagoas (9,4%), na Região Nordeste, e o estado de Santa Catarina (10,8%), na Região Sul. No Paraná, ela foi de 7,7%, no período.

Limitações

Em Curitiba, 9,6% dos bebês nascem antes dos nove meses regulares da gestação. O pediatra Mitsuru Miwaki, professor titular de pediatria da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e responsável pela UTI Neonatal do Hospital de Clínicas, diz que em todo o Brasil a prematuridade e as suas conseqüências são as maiores causas de mortes nas afecções perinatal dos nascidos vivos com menos de 28 dias. "Isso ocorre em função de causas que a saúde pública, de forma geral, tem limitações para reduzir, como a má-formação congênita", exemplifica. Ele ressalta que o custo para reduzir os índices é muito alto – depende de mais UTIs, qualidade de formação de profissionais e tecnologia de ponta.

Já para o médico Donizetti Jeanberardino Filho, diretor-clínico do Pequeno Príncipe e ex-presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM) no Paraná, a mortalidade cai de maneira mais fácil com medidas sanitárias, com a educação da população, saneamento, consultas preventivas e a massificação do pré-natal. Segundo ele, derrubar o coeficiente de 40 para 15 mortes por mil nascidos vivos é fácil quando se adota políticas públicas adequadas para o objetivo. Mas para se chegar abaixo de um dígito é preciso lançar mão da medicina tecnológica. "Até 15 você consegue baixar e o município nem precisa ter um hospital complexo, apenas uma boa política de saúde coletiva", disse Jeanberardino.

Genética

Segundo a médica ginecologista Raqueli Rotta Burkiewicz, representante do Conselho Regional de Medicina (CRM) no Comitê Estadual de Prevenção de Morte Materna e Infantil, nas situações de má-formação congênita e anomalias cromossômicas dificilmente o pré-natal consegue alterar a situação. "A única coisa a se fazer seria colocar técnicos especializados, um bom pediatra, cirurgião e UTI neonatal", resume.

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