
São Paulo - O número de mortes provocadas por diarreia em crianças com menos de um ano de idade no Brasil caiu 93,4% em 25 anos. De acordo com pesquisa divulgada ontem pelo Ministério da Saúde, as mortes passaram de 32.704, em 1980, para 1.988, em 2005. As informações são da Agência Brasil.
O estudo "Saúde Brasil 2008" mostra que, no mesmo período, o total de mortes de crianças com menos de um ano caiu 71,3%, passando de 180.048 para 51.544. A taxa de mortalidade infantil mais recente no país, relativa a 2007, é de 19,3 óbitos para cada mil nascidos vivos.
A pesquisa também mostra redução no número de mortes causadas por outros quatro grupos de doenças relacionadas a altas taxas de mortalidade infantil de 1980 a 2005. Houve quedas acentuadas em mortes por doenças imunizáveis, como poliomielite e sarampo (97,2%); desnutrição e anemias nutricionais (89,2%); e infecções respiratórias agudas, como pneumonia (87,5%). A menor taxa de redução (41,8%) foi verificada em problemas que acometem crianças na primeira semana de vida, ainda que a morte ocorra depois disso.
De acordo com o estudo, a taxa de mortalidade infantil no Brasil mantém tendência contínua de queda, passando de 47,1 óbitos por mil bebês nascidos vivos em 1990 para 19,3 mortes em 2007 uma redução média de 59,7%.
Essa mesma tendência de queda se reproduz no Nordeste e na Amazônia Legal. Em 2007, o Nordeste registrou 27,2 mortes por cada mil bebês nascidos vivos, contra uma taxa de 75,8 óbitos por mil nascidos vivos em 1990. No Norte a taxa foi de 21,7, em 2007, contra 45,9, em 1990. Mas ambas estão longe da média nacional e mais distantes ainda das taxas alcançadas no Sul e Sudeste.
O Sul fechou 2007 com uma taxa de 12,9 mortes por cada mil crianças nascidas vivas e o Sudeste, em 13,8. Embora o resultado do Sul e Sudeste seja expressivo, o Brasil ainda tem um bom caminho a percorrer para alcançar a taxa de mortalidade infantil dos países desenvolvidos, que é de 4 mortes por cada mil nascidos vivos.
A pesquisa indica que o Brasil está entre os 16 países com condições de atingir a meta dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio de chegar à "taxa aceitável" de 14,4 mortes por cada mil nascidos vivos até 2012 três anos antes do prazo final. As regiões Sul e Sudeste já superaram esse índice.
Em abril de 2009, o Ministério da Saúde lançou o Pacto pela Redução da Mortalidade Infantil, que busca reduzir em 5% ao ano o número de mortes de crianças menores de um ano que vivem no Nordeste e na Amazônia Legal.
Razões
O diretor do Departamento de Análise de Situação de Saúde do Ministério da Saúde, Otaliba Libânio, atribui a redução a fatores como a melhoria do nível de educação materna, o trabalho das equipes de Saúde da Família, o maior acesso da população à água tratada, ao saneamento e aos serviços de saúde, entre outros. "São resultados muito positivos. Tivemos urbanização, ampliação da rede, água tratada, esgoto, melhor alimentação e um trabalho na atenção básica direcionado para o controle da desidratação. Tudo isso contribuiu para a redução tanto dos casos de morte por diarreia quanto pelas outras causas", diz Libânio.
Entre as contribuições para a queda nos índices da mortalidade infantil, destaca-se a atuação das equipes de Saúde da Família. Estudo publicado no Journal Epidemiology and Community Health revela que, a cada 10% de aumento da cobertura da Estratégia Saúde da Família, há redução de 4,6% na mortalidade infantil. Entre 1994 (quando a estratégia foi criada) e agosto de 2009, o número de equipes de Saúde da Família aumentou 9.866% em todo o Brasil, de 300 para 29.896.



