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Os carrapatos, vetores da febre maculosa, são comuns em animais como as capivaras, vistos com frequência em parques de Curitiba. | Henry Milléo /
Gazeta do Povo
Os carrapatos, vetores da febre maculosa, são comuns em animais como as capivaras, vistos com frequência em parques de Curitiba.| Foto: Henry Milléo / Gazeta do Povo

O risco de contaminação da população por febre maculosa – doença cujo índice de letalidade chega a 40% – está preocupando pesquisadores e agentes de saúde pública no Paraná. Isso porque o principal vetor da doença, o carrapato, está presente em várias regiões do estado, especialmente nos parques de cidades como as da Região Metropolitana de Curitiba, por exemplo. Conforme explica o veterinário Marcelo Beltrão Molento, professor do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a febre é causada por uma bactéria presente no carrapato, comum em cães, capivaras, cavalos e outros animais que costumam frequentar essas áreas de lazer.

Prevenção

Examine a própria pele em busca de carrapatos ao voltar de um passeio no parque ou em outra área de risco. Faça o mesmo com os animais de estimação que levar junto no passeio. Se achar algum carrapato, retire-o com uma pinça, sem espremê-lo para não liberar bactérias. Usar repelentes e roupas compridas também ajuda a evitar o artrópode.

Molento liderou um trabalho de varredura feito no estado em busca da tal bactéria. Segundo o especialista, a interligação dos parques de Curitiba por canais de água e a circulação de animais como os citados anteriormente contribuem para a proliferação do vetor da febre, cujo nome curioso se refere às máculas que causam coceira na pele.

No começo de fevereiro, a estudante Bianca Gonzales Moreira, de 12 anos, faleceu em Maringá, no Noroeste do estado, em decorrência da doença. Ela tinha passado férias em um sítio em Ribeirão Claro, Norte Pioneiro, onde foi mordida pelo carrapato. Até o dia de sua morte, os médicos acreditavam que a menina estava com dengue, já que a cidade passava por uma epidemia da doença. A febre maculosa só foi descoberta após autópsia.

Outro caso recente no estado foi “importado”. Um homem de 48 anos, que trabalhava com pecuária no Mato Grosso do Sul, acabou no sistema público de saúde em Londrina, no Norte, no fim de dezembro. Quatro dias depois ele morreu devido a complicações renais.

Segundo dados repassados pela Secretaria da Saúde do Paraná (Sesa), a Região Sul registrou 31 casos da doença em 2013, mas não houve mortes. Já na Região Sudeste ocorreram 78 casos, com 38 óbitos. No Paraná, três mortes foram atribuídas à febre maculosa desde 2009. No entanto, a estimativa é de que 15 pessoas tenham morrido por complicações provocadas pela doença nos últimos dez anos.

Os sintomas da febre maculosa começam a se manifestar entre dois e 14 dias após o contágio. O tratamento é feito com antibióticos. “Porém, muitas vezes um erro de diagnóstico impede o tratamento”, observa Molento. Algo semelhante ao que ocorreu com Bianca. “Devemos ter índices maiores de letalidade, já que poucos conhecem a doença e acabam a diagnosticando como uma febre comum ou dengue em razão de sintomas como febre alta e dor de cabeça”, completa o especialista.

Combater a desinformação dos profissionais da saúde sobre a doença virou uma das metas da Sesa, conforme explica Ivana Belmonte, chefe do Centro Estadual de Vigilância Ambiental. “Estamos nos esforçando para divulgar ao máximo essa doença, e planejamos um seminário para os próximos meses.”

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