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O assassinato do delegado é um retrato da situação caótica do litoral do Paraná em termos de segurança pública. O número de homicídios na região entre o primeiro semestre de 2009 e o primeiro semestre de 2010 cresceu 62%. Passou de 42 para 68 casos, índice que não encontra paralelo na capital ou em qualquer outra região do estado.

A explicação para a explosão dos números, admitida pela própria polícia, se explica, em parte, pela falta de efetivo. Para investigar todos os crimes nas sete cidades há menos de 60 policiais, de acordo com o delegado-chefe do Litoral, José Sudário da Silva. Nas duas delegacias comandadas pelo delegado assassinado, em Ipanema e Pontal do Sul, o efetivo é de nove policiais. "O efetivo não é suficiente. Não temos estrutura, há superlotação carcerária e os policiais estão sem cobertura para atuar. Na delegacia, o Zuba precisaria de no mínimo o dobro disso", admite.

Segundo o delegado-chefe, os policias chegam a trabalhar 80 horas por semana, em condições de estresse e vulnerabilidade, com uma carga de trabalho que deveria ser executada pelo triplo de homens. "Quando entrei na polícia, havia 3,6 mil oficiais na ativa. Isso há 40 anos. Hoje, há 3 mil. A coisa só andou para trás. Não há delegado nem para fazer plantão."

Para o delegado da Polícia Fe­deral em Paranaguá, Jorge Fayad, os policiais vivem uma situação de insegurança a cada vez que saem para uma diligência. "Você sai contando com a sorte. Se você vai em três, como foi o caso do Zuba, não sabe se vai encontrar um bandido ou uma quadrilha. Você torce para que os criminosos estejam em menor número, o que não foi o caso." Saiad opina que a obrigação legal do policial de combater o crime não leva em consideração as condições precárias em que trabalham os profissionais.

Velório

Lágrimas, choros e tristeza marcaram o velório do delegado José Antonio Zuba de Oliveira na Câmara Municipal de Paranaguá, ontem à noite. Colegas de trabalho, amigos e familiares compareceram para dar o último adeus ao amigo. O secretário de Segurança, Aramis Serpa e autoridades de todo o litoral também estiveram presentes. O corpo de Zuba será cremado hoje, em Curitiba.

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