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Trânsito

Motociclistas terão aula prática nas ruas

Candidatos prestam exame para obter habilitação sem conviver com situações reais de trânsito. A partir de janeiro, isso vai acabar

Candidatos à carteira de habilitação aprendem a pilotar motos nas pistas internas de auto-escolas | Henry Milleo/Gazeta do Povo
Candidatos à carteira de habilitação aprendem a pilotar motos nas pistas internas de auto-escolas (Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo)

Ponta Grossa - A resolução 285 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que entra em vigor em 1º de janeiro de 2009, muda significativamente a formação dos futuros motociclistas. Hoje os candidatos treinam nos pátios dos centros de formação de condutores (CFCs, também conhecidos como auto-escolas) e prestam o exame nas Ciretrans sem terem circulado nas ruas. Com a resolução, os alunos terão aulas práticas de direção nas ruas, convivendo com situações reais de trânsito.

A medida visa a reduzir acidentes. Embora a frota de motocicletas no Paraná represente apenas 16% do total de veículos registrados pelo Departamento de Trânsito (Detran) do estado (675.606 motos para um total de 4.211.829 veículos), o número de acidentes com motocicletas quase alcança o de automóveis. Segundo o Detran, no primeiro trimestre de 2008, ocorreram 8.300 acidentes com carros e 6.186 com motos em todo o Paraná.

De acordo com Juarez Roslindo, do departamento de habilitação do Detran, os acidentes envolvem tanto motoqueiros recém-habilitados quanto os mais experientes. "Mas, com as mudanças na formação do motociclista, o objetivo é diminuir o envolvimento em acidentes", reforça. A resolução aumenta o tempo de preparação prática de 15 para 20 horas-aula. Cada aula tem duração de 50 minutos. Além disso, o curso teórico aumenta de 30 para 45 horas-aula.

Hoje, nas aulas práticas, o futuro motociclista aprende a pilotar, as regras de direção e noções de equilíbrio sobre o veículo. As aulas são feitas em circuitos fechados, acompanhadas por instrutores. A partir de janeiro do ano que vem, após dominar o veículo, o aluno irá para as ruas sozinho, mas monitorado por seu instrutor que o acompanhará com uma moto ou carro.

Polêmica

A mudança é polêmica. O instrutor Jackson Branco, de Ponta Grossa, confessa que deixará de dar aulas práticas de moto para não se expor a riscos. Ele considera que o aluno não tem segurança para andar sozinho no trânsito, pois, diferentemente do treino de carro, onde o instrutor pode controlar o veículo porque tem os pedais de embreagem e freio sob o banco do passageiro, o instrutor não pode intervir na moto pilotada pelo aluno que se descontrolar na direção.

"Como vou me comunicar com o aluno durante a aula? Só seria seguro se os capacetes fossem equipados com fones. Além disso, o aluno não poderá entender minhas instruções porque a viseira tem que ficar fechada", opina.

O instrutor Anderson Pereira Valenga, também de Ponta Grossa, tem dúvidas com relação à aplicação do exame. "Acho que vai aumentar muito o tempo de espera para realizar o exame porque serão menos alunos por dia de teste, pois os examinadores terão que fazer o percurso de rua. O tempo dedicado com cada candidato vai aumentar", considera.

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