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Trânsito

Motoristas voltam para a escola

Gente que tem habilitação há tempos, mas não se sente segura para enfrentar as ruas, encontra apoio em cursos de reforço

Após 27 anos de habilitação, Ana Cristina Policarpo superou o medo, com ajuda profissional | Hugo Harada/Gazeta do Povo
Após 27 anos de habilitação, Ana Cristina Policarpo superou o medo, com ajuda profissional (Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo)

A falta de um carro não é o único motivo que faz com que muita gente deixe a carteira de habilitação esquecida numa gaveta qualquer de casa. Tem muito motorista que, mesmo habilitado, não se sente seguro para sair guiando pela cidade. E a solução para quem deseja superar a imperícia, a insegurança e a ansiedade pode ser o retorno à escola – neste caso, representada por Centros de Formação de Condutores (CFCs) e instrutores particulares que oferecem aulas práticas de reforço.

Foi o que fez a microem­presária Ana Cristina Poli­carpo, de 46 anos. Em 1985, ela tirou sua habilitação. De lá para cá renovou a carteira várias vezes, mas dirigiu pouco. Depois de pagar um consórcio, Ana resolveu comprar um carro zero. "Foi então que pensei: agora vou pedir para os outros dirigirem meu carro novo?" Um mês antes de comprar o veículo, ela foi até um CFC e começou a fazer aulas práticas e de sinalização.

Hoje, cinco meses depois, dirige com segurança. "Não adianta ficar estacionado muito tempo e depois pegar um carro e sair achando que é um piloto. Sentidos de ruas mudam, mais pessoas adquirem carro e o trânsito não é o mesmo", fala. Ela conta que fez 20 aulas com um instrutor preparado para isso, em meio ao tráfego intenso da Linha Verde. "Eu tinha que cair no fervo, não adiantava ir para as ruas calmas do treinamento."

Do outro lado, quem trabalha com a missão de levar segurança e autoestima para motoristas habilitados conta que o número de pessoas que procuram ajuda especializada é menor do que deveria. "Financeiramente, o condutor acha que não compensa. Muitos preferem se arriscar no trânsito para tentar pegar confiança sozinho", diz Ednei Ignácio, diretor de ensino de um CFC.

Foco errado

Fábio César Bomfim, instrutor de trânsito particular há cinco anos, aponta que o problema principal é que os motoristas inseguros são muito focados no carro, quando a verdadeira preocupação deveria ser o trânsito. "O risco sempre existe, então é preciso reforçar a autoestima e a segurança do condutor. Fazemos isso em duas etapas: uma com a pessoa dentro do carro e outra em que ela está fora, observando o contexto todo."

Para Bomfim, essa demanda por aulas de reforço surge devido à ineficácia do sistema de ensino e avaliação dos condutores. "O exame não tem um critério para detectar o que é nervosismo e o que é imperícia."

Já Ignácio acredita que o ideal seria mudar a cultura do trânsito do brasileiro. "O Detran está fazendo certo, mas os condutores na rua não fazem isso. Fica muito distante o que se aprende do que se faz."

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