
O Ministério Público Estadual investiga denúncia de que o prefeito de Castro, Moacyr Fadel (PMDB), participa de um esquema de corrupção envolvendo a empresa de ônibus da cidade. Ele aparece em um vídeo recebendo R$ 15 mil que seriam, de acordo com o denunciante, parte do pagamento mensal em troca de um abatimento no Imposto Sobre Serviços (ISS). O prefeito da cidade dos Campos Gerais, que até julho presidia a Associação dos Municípios do Paraná (AMP), nega a acusação e afirma ter sido vítima de uma tentativa de extorsão.
A denúncia foi feita por Adolfo Rodrigues Neto, ex-funcionário da Viação Castro, que prestou depoimento ao MP na quinta-feira. De acordo com o advogado Fernando Madureira, que defende Rodrigues Neto, o vídeo foi feito em junho de 2009. As catracas do transporte coletivo seriam adulteradas em 18 mil a 20 mil passageiros por mês e a diferença do valor que deveria ser pago de ISS era repassada ao prefeito a título de favorecimento em licitações e contratos.
Os pagamentos teriam começado em 2005, com valores na casa de R$ 4 mil, e foram aumentando até chegarem, segundo o denunciante, a R$ 25 mil por mês. Nas imagens, Fadel coloca os maços de dinheiro na jaqueta. Um inquérito cível, por improbidade administrativa, e outro criminal, por corrupção, foram abertos contra os envolvidos.
Outro lado
A Gazeta do Povo procurou Fadel, mas todos os celulares dele estavam desligados. A assessoria de imprensa da prefeitura disse que ele estava em uma fazenda, sem sinal de telefonia móvel. Em entrevista ao jornal Diário dos Campos, de Ponta Grossa, o prefeito disse que as imagens mostram o recebimento de um empréstimo que fez a Rodrigues Neto, que estaria à época com problemas de saúde. O prefeito registrou boletim de ocorrência na delegacia, alegando que o denunciante tentou vender o vídeo a ele por R$ 50 mil.
Ao jornal, Fadel disse estranhar o fato de uma imagem feita há dois anos ser revelada somente agora. Ele também informou que tem documentos e imagens que comprovariam a chantagem. O advogado de Rodrigues Neto rechaça a acusação de tentativa de extorsão. "Não houve nenhum pedido de dinheiro", diz. E assegura que a íntegra da gravação deixa claro que não foi um caso de empréstimo.
A reportagem também procurou os responsáveis pela empresa Viação Cidade de Castro. Na casa do advogado que representa a empresa, Julio César de Oliveira, a informação foi de que ele estava incomunicável. Em declarações ao Jornal da Manhã, de Ponta Grossa, o proprietário da empresa negou que tenha pagado propina ao prefeito e disse que irá processar o ex-funcionário. Rodrigues entrou com um processo trabalhista milionário contra a empresa.



