
O Ministério Público do Paraná (MP-PR) determinou que sejam realizadas novas diligências nas investigações sobre uma série de assassinatos atribuídos ao ex-comandante do Corpo de Bombeiros, o coronel reformado Jorge Luiz Thais Martins. Paralelamente, o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) sugeriu que os novos procedimentos sejam realizados por um delegado especial, indicado pelo grupo. Martins foi indiciado por nove homicídios e quatro tentativas, ocorridos entre agosto de 2010 e janeiro deste ano, na chamada Favela da Rocinha, no bairro Boqueirão, em Curitiba.
A cota do MP-PR foi recebida na quarta-feira (23), pelo Departamento da Polícia Civil. Assinado pelo promotor Marcelo Balzer Correra, da Vara do Tribunal do Júri, o documento pede que seja feito o reconhecimento fotográfico de dois policiais militares, que atuaram na área em que os crimes ocorreram. Ao longo das investigações, a defesa sugeriu que os assassinatos teriam sido cometidos por um PM. O procedimento já havia sido realizado: a Delegacia de Homicídios (DH) apresentou fotografias dos policiais a testemunhas e moradores do local, mas os policiais não foram reconhecidos.
O promotor também quer que a polícia elucide em que momento das investigações as suspeitas começaram a recair sobre o ex-comandante dos Bombeiros. Em novembro do ano passado, dias depois de um duplo homicídio, testemunhas reconheceram o coronel em fotografias. Em janeiro deste ano, um homem que teria sobrevivido a um dos ataques também apontou Martins. A partir disso, a polícia pediu a prisão do suspeito, que ficou detido por 19 dias.
Gaeco quer conduzir investigações
Apesar de o promotor do Gaeco, Vani Bueno, ter sido designado para acompanhar as investigações, o grupo pediu, por meio de ofício, que um delegado especial do órgão conduza os novos procedimentos. O Departamento da Polícia Civil ainda não se manifestou sobre a solicitação. O coordenador estadual do Gaeco, Leonir Batisti, disse que o objetivo do órgão em conduzir as diligências é dar mais transparência aos trabalhos. "O promotor designado não acompanhou integralmente todos os passos do inquérito policial. Seria importante às investigações", disse.
A defesa do coronel Martins já havia sugerido que o Gaeco conduzisse as investigações, alegando que o caso envolvia a participação de integrantes de corporações policiais. O Gaeco, no entanto, negou o pedido. "Pegar um inquérito andando pode criar uma série de problemas. É como se você estivesse deslustrando o trabalho anterior", observou Batisti.
O caso
Os cinco inquéritos foram concluídos em outubro e o coronel Jorge Luiz Thais Martins foi indiciado por nove homicídios e quatro tentativas. Os crimes ocorreram entre 8 de agosto de 2010 a 14 de janeiro deste ano. Foram cinco ataques (quatro duplos homicídios e um homicídio simples) que, segundo a polícia, obedeceram à mesma dinâmica: foram cometidos na madrugada, muito próximos um do outro (na chamada "Favela da Rocinha"), e as vítimas eram usuários de entorpecentes ou estavam em pontos de consumo.
Os ataques foram cometidos próximo do ponto onde o filho de Martins foi morto em uma tentativa de assalto, em outubro de 2009. Os crimes começaram a ocorrer semanas depois que dois suspeitos pelo assassinato do filho do coronel e que seriam usuários de drogas foram postos em liberdade.
O ex-comandante dos Bombeiros responde pelos crimes em liberdade. Ele chegou a ficar preso por 19 dias, entre o fim de janeiro e o início de fevereiro, mas foi posto em liberdade graças a um habeas corpus concedido pelo Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR). No dia 14 de outubro, Martins concedeu uma entrevista exclusiva à Gazeta do Povo, em que deu sua versão sobre o caso e afirmou nunca ter usado arma.
Vida e Cidadania | 14:52
Em entrevista exclusiva, concedida à Gazeta do Povo, o ex-comandante Corpo de Bombeiros, Jorge Luiz Thaís Martins, se defende das acusações e nega envolvimento com assassinatos ocorridos no bairro Boqueirão, em Curitiba.



