Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Eleições 2006

MP quer coibir campanha eleitoral na Boca Maldita

TRE distribuiu 19 pontos no calçadão entre os partidos

Os candidatos que concorrem às eleições deste ano correm o risco de perder o espaço para distribuição de material de campanha no calçadão da Rua XV de Novembro, no centro de Curitiba. Um impasse entre o Ministério Público Eleitoral e a 176.ª Zona do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) pode cancelar a portaria expedida pelo juiz eleitoral Roberto Portugal Bacellar, que distribuiu 19 pontos ao longo do calçadão para instalação de barracas de propaganda eleitoral entre os partidos.

O Ministério Público Eleitoral (MPE) entrou com um mandado de segurança pedindo a suspensão da portaria expedida pelo juiz. De acordo com o MPE, a decisão fere a legislação eleitoral quando permite a instalação de locais fixos de propaganda partidária em pontos considerados bens públicos e de uso comum. O TRE considerou infundado o pedido do MPE. O impasse está em fase de coleta de informações para defesa da liberação e deve ser julgado pelo TRE nos próximos dias.

De acordo com Bacellar, o sistema de rodízio na Rua XV, que induz a montagem e a desmontagem das barracas de acordo com o horário comercial, foi solicitado pelos partidos para evitar a geração de tumulto e disputa de espaços entre cabos eleitorais e partidários, constatados em anos anteriores. "Os partidos pediram que a campanha fosse liberada desta forma, para evitar o constrangimento das pessoas que passam pela Rua XV", afirma o juiz.

Na ata da reunião com os partidários e advogados das coligações, no último dia 14 de julho, Bacellar justificou a decisão de regulamentar o sistema como forma de "evitar conflitos ocorridos em eleições anteriores e preservar o princípio da igualdade".

Os responsáveis pelas campanhas eleitorais alegam que as barracas de propaganda na Boca Maldita – como é chamado o calçadão da Rua XV – são tradicionais durante as eleições. De acordo com o coordenador jurídico da coligação Paraná de Verdade, Leandro Souza Rosa, a nova legislação eleitoral deixa os partidos na instabilidade de saber o que é permitido ou não. "A lei ainda está sendo construída pela interpretação dos juízes, o que pode ser restritivo", lamenta. Ele espera que prevaleça o "bom senso" na hora da decisão final do TRE.

Para o coordenador de mobilização da coligação Paraná Unido, Florisvaldo Souza, as barraquinhas de propaganda não prejudicam os cidadãos. "Todos têm o direito de se expressar. Essas constantes proibições estão ficando cansativas", diz.

O coordenador de campanha da coligação Paraná Forte, Luiz Caron, afirma que a organização definida na portaria tem o objetivo de atingir o público. "Se restringirem demais, acaba o processo democrático de pedir votos e quem acaba prejudicado é o eleitor, que não terá oportunidade de reflexão", opina.

O coordenador-executivo de Marketing da coligação Voto Limpo, Eduardo Jaime, concorda com a destinação de espaços para a campanha. Ele afirma que o posicionamento de barracas de propaganda eleitoral no calçadão da Rua XV já é tradição na capital. "Já não se pode colocar outdoor e materiais do gênero. Só conseguimos entrar em contato com o eleitor pela tevê e rádio. Com as barracas, o eleitor pode ir até o candidato."

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.