
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocupou, na manhã de ontem, a sede do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), em Brasília. Segundo a organização do MST, 1,5 mil pessoas participaram do ato, que marcou o primeiro dia do "Abril Vermelho", mês em que o grupo relembra as mortes de 21 sem-terra em Eldorado dos Carajás, no Pará, ocorridas em 1996.
Logo após a ocupação, a assessoria do ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, publicou uma nota em que dizia interromper o diálogo iniciado com as lideranças do MST no último dia 11. No texto, o órgão ainda diz que já havia tomado medidas judiciais para retirar os manifestantes do espaço. O prédio abriga, além do MDA, os ministérios do Esporte e das Cidades.
Segundo os trabalhadores rurais, porém, a ocupação deve ser mantida, inclusive em outros prédios públicos do país. Ao mesmo tempo em que cerca de 1,5 mil pessoas montaram campana no prédio, outras 700 estavam acampados no Incra de Ji-Paraná, em Rondônia, e mais 1,5 mil ocupavam o Palácio da Abolição, sede do governo do Ceará. O prédio do Incra no Rio de Janeiro também foi invadido.
Na pauta de reivindicações, o MST cobra do governo federal "medidas concretas" para a reforma agrária, questão que ainda patina no governo Dilma Rousseff. Segundo dados do próprio Incra, no ano passado, o primeiro da gestão Dilma, 22.021 famílias sem terra foram assentadas, número bem inferior à média anual dos dois mandatos do ex-presidente Lula: 76.761 assentamentos.
Se a quantidade de famílias assentadas diminuiu, também não há grande expectativa para o futuro. Isso porque a área incorporada ao programa da reforma agrária também teve retrocesso. Entre 2003 e 2010, a administração Lula reservou uma média de mais de 6 milhões de hectares/ano ao programa. O governo Dilma alcançou apenas 30% disso em 2011.
Além de criticar o atual governo pelo baixo número de assentados, o MST reclama de cortes no orçamento. Segundo a organização do movimento, o Ministério do Planejamento cortou cerca de 60% do orçamento do Incra, verba que seria utilizada na obtenção de terras, instalação de assentamentos e desenvolvimento da agricultura familiar.



