
Patrícia Cabral da Silva, de 22 anos, que até a semana passada era considerada vítima de um assalto a um posto de gasolina no Centro de Curitiba em maio deste ano, será indiciada como participante do crime. A informação foi confirmada pelo delegado Rubens Recalcatti, da Delegacia de Furtos e Roubos, durante entrevista coletiva na manhã desta quinta-feira (13). O caso toma um novo rumo após a divulgação, no último fim de semana, do conteúdo de uma fita com uma gravação telefônica.
A gravação mostra a conversa entre um homem e uma mulher, supostamente Patrícia e Luiz Carlos Cândido, um dos três acusados de participação no assalto ao posto. O conteúdo foi apresentado pelo advogado José Carlos Veiga, que defende Sidimar Tiago Oliveira, preso desde a semana passada, acusado de atirar em Patrícia. Um terceiro participante também está foragido.
No áudio, a voz da mulher revela que o interesse com a ação era conseguir uma indenização de aproximadamente R$ 150 mil da empresa. O dinheiro roubado do cofre, cerca de R$ 60 mil, seria dividido entre os três assaltantes. Com isso, Patrícia foi intimada a ser ouvida novamente na quarta-feira (12). "Ela passou de vítima a suspeita", disse Recalcatti. Patrícia também participou da coletiva com a imprensa nesta quinta-feira, com a filha nascida há 25 dias nos braços, mas não quis entrar em detalhes sobre a suspeita levantada com as gravações telefônicas. "Isso é um absurdo. Eu vou explicar isso para a polícia. Não tenho nada a declarar", disse.
"A Patrícia nega que a voz seja dela", afirma o delegado. Agora, a fita entregue pelo advogado de um dos acusados será encaminhada ao Instituto de Criminalística para análise. "Lá eles vão verificar a sua autenticidade, se não houve cortes, se não foi montada", explicou, em entrevista à Rádio CBN. Recalcatti informou ainda que será feita uma coleta de material sonoro de Patrícia e Luiz Carlos para perícia de confronto de vozes.
A verificação da autenticidade da gravação deve ser concluída ainda esta semana, segundo estimativa do delegado. O processo de perícia de confronto de vozes deve ser mais demorado, sem previsão de divulgação do resultado. De acordo com Recalcatti, dependerá do juiz que irá julgar o caso se a fita será aceita como prova.
Relembre o caso
No dia 14 de maio, três rapazes renderam Patrícia e um frentista, entraram no escritório do posto e roubaram dois computadores e um cofre. As imagens da câmera de circuito interno do posto mostram que, após levar todo o material para o carro, um deles retorna e atira na funcionária.
Na época, Patrícia estava grávida de 17 semanas. A bala entrou pelo lado direito do abdome, atingiu a placenta e foi parar no intestino. Por pouco, o bebê não foi atingido.
Em 13 de junho, o caso teve a primeira reviravolta. A polícia encontrou o cofre roubado durante o assalto. Três pessoas presas dias depois do assalto foram inocentadas do crime. O cofre vazio foi achado em um poço de água desativado, em um terreno no bairro Vila Fanny, em Curitiba.
O morador, Marcio Leandro Resende, 23, e as outras duas pessoas que freqüentavam a casa, Luis Carlos Candido, 31, e Sidimar Tiago Oliveira, 26, são os suspeitos. Oliveira se entregou à polícia. Resende e Cândido continuam foragidos. Patrícia deu à luz no dia 20 de agosto. Angelina nasceu com 47 cm e 3,470 kg. A bala, que estava alojada no intestino de Patrícia, não foi retirada durante a cesariana.



