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Acompanhada do advogado, a doméstica Elizabete Gomes da Silva, 48, mulher de Amarildo de Souza, 43, chegou ao Fórum do Rio na tarde de hoje para a segunda sessão de instrução e julgamento dos 25 PMs acusados de envolvimento no sumiço e morte presumida do ajudante de pedreiro. A audiência começou às 14h45.

Segundo o Tribunal de Justiça do Rio, ela deve ficar de frente com os PMs acusados pela primeira vez desde que foi divulgado que Amarildo foi vítima de tortura.

"A família não vai desistir. Eu quero que pelo menos os policiais que torturaram o meu marido, que era trabalhador, falem o que fizeram com os restos mortais dele porque quero fazer um enterro digno", disse Bete Gomes ao chegar ao fórum.

A audiência de instrução e julgamento dos PMs acontece na 35ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio. A primeira sessão aconteceu no último dia 20, quando foram ouvidas três das 20 testemunhas de acusação. Segundo o tribunal, hoje ainda serão ouvidas 20 testemunhas de defesa.

Na primeira audiência foram ouvidos o delegado Rivaldo Barbosa, titular da Divisão de Homicídios do Rio, a delegada Ellen Souto e o inspetor de polícia Rafael Rangel, da mesma unidade. A mulher e um dos filhos de Amarildo também prestaram depoimento na ocasião.

Dos 25 réus, todos eles policiais militares, 13 estão presos e respondem por tortura mediante sequestro com resultado morte e ocultação de cadáver do ajudante de pedreiro. Doze são acusados de omissão e formação de quadrilha, mas respondem em liberdade.

Tortura

Na primeira sessão da audiência de julgamento, realizada no último dia 20 de fevereiro, o delegado Rivaldo Barbosa afirmou que o comandante da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Rocinha, major Edson Santos, autorizou que seus subordinados torturassem o ajudante de pedreiro Amarildo de Souza atrás do contêiner onde funcionava o posto policial na favela.

Em seu depoimento, Barbosa disse ainda que "pode haver outros Amarildos" na favela da Rocinha onde o pedreiro desapareceu em julho do ano passado. O delegado foi a primeira das 19 testemunhas de acusação a ser ouvida na primeira sessão da audiência.

Em seu depoimento, o delegado Barbosa admitiu que a investigação falhou à época porque não periciou o local exato onde Amarildo teria sido torturado. Na ocasião, a polícia percorreu apenas o caminho de entrada, o suposto trajeto de saída do morador e a parte interna dos contêineres. Mas o morador teria sofrido totura atrás da unidade.

Barbosa disse ainda que todos os policiais que aparecem em imagens levando Amarildo de Souza participaram das torturas, que teriam começado por volta das 19h30 do dia 14 de julho do ano passado. Não há previsão de quando o julgamento terminará.

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