Uma mulher de 36 anos descobriu, por acaso, que foi criada pela família errada. Ela teria sido trocada em uma maternidade de Pato de Minas, em Belo Horizonte. Nenhuma das famílias suspeitava da troca.
Maria Helena e Carmem Lúcia nasceram na mesma maternidade, no mesmo dia e no mesmo horário. No dia 9 de junho de 1972, Orzelina Rodrigues da Silva, que tinha 20 anos, chegou na maternidade com o marido, Antonio Lourenço da Silva.
Naquela época, o pai não acompanhava o trabalho das parteiras. "Como eu não vi nada, só vi no horário da visita, peguei essa filha Maria Helena e cuidei até nessa época agora que ela descobriu", diz ele.
Trinta e seis anos depois, um parente precisou de um transplante de medula. Toda a família correu pra saber quem podia ser doador. O resultado do exame foi inesperado: revelou que Maria Helena não era filha do casal.
"Na hora, parece que o mundo desabou", conta Maria Helena Rodrigues da Silva. Na família, ninguém suspeitava que ela pudesse ter sido trocada na maternidade.
Troca
Na maternidade onde houve a troca dos bebês, ninguém fala sobre o assunto. Maria Helena recebeu um documento da federação dos hospitais de Minas Gerais - que assumiu o antigo hospital - admitindo que a situação é grave, mas ela não poderá ter acesso às informações do registro de nascimentos daquele dia para não revelar dados de outros pacientes.
A direção do hospital prometeu apresentar o livro na justiça. "Ela tem interesse de buscar quem são os pais biológicos da mesma forma que os pais sócio-afetivos têm interesse em buscar essa filha biológica", afirma o advogado Willian Custódio.
DNA
Mas a dúvida da família de Maria Helena pode estar perto do fim. O caso virou notícia na cidade e atraiu a atenção de Carmem Lucia Pereira. "A matéria contava que uma criança tinha sido trocada no hospital regional no mesmo dia que eu nasci", conta Carmem.
Carmem fez o exame de DNA e a resposta deve sair nos próximos dias. "Pai, hoje pra mim, só existe a dona Carmem e o seu Domingo", diz ela.
Carmem e Maria Helena já se conheceram. Enquanto esperam pelo resultado do exame, elas se divertem vendo as fotografias e procurando semelhanças com os candidatos a parentes. Mas as duas garantem que o amor pelos pais que as criaram não mudou nada.
"É amor de pai, né? É o pai que eu conheço, que me criou, que nunca deixou nada faltar, o que mais vou querer?", pergunta Maria Helena.
"Vai mudar assim um pouquinho né? Eu tinha seis, agora vou ter sete filhos. Mas eu vou considerar ela como filha também se ela quiser, que eu considere assim, como filha", afirma Orzelina.
E Maria Helena promete não ter ciúmes. "Eu imagino que vai começar do mesmo jeito, mesmo com a chegada da outra, nós vamos receber ela de braços abertos", acredita.



