Foi numa Quinta-Feira Santa que o seminarista Danilo Martins, 16 anos, teve certeza de que queria ser padre. O chamado veio em forma de um convite feito por um amigo, também seminarista. Como o desejo era grande, Danilo resolveu frequentar os encontros vocacionais oferecidos pela Igreja. Pouco depois, ingressava no Seminário Arquidiocesano São José, onde está há três anos. "Eu me sinto honrado por ter sido escolhido por Deus. Nós somos a representação do Senhor na Terra. Há honra maior do que essa?", indaga.
A decisão, embora respeitada pelos pais e conhecidos, foi reprovada por irmãs e alguns amigos. "A maioria fica feliz, especialmente os velhinhos. Mas há aqueles que têm preconceito. Uma vez eu estava numa livraria e pedi um livro de Teologia. A atendente estranhou e eu respondi que queria ser padre. Ela me olhou e disse: Que desperdício...".
O amigo Jean Pedrozo, 15 anos, conta que, mesmo com a certeza de seguir a vocação, são muitos os obstáculos. "Tenho muita saudade de casa", confessa. Ele, que desde criança observava os padre na missa e queria "ser igual", conta que os pais o apoiaram. O difícil foi convencer a namorada que ele tinha na época de que seu caminho era outro. "Ela chorou, ficou triste, mas eu estava convicto". E ao entrar no seminário, as paixões desaparecem? "Claro que não. Às vezes, conhecemos (ele e os colegas) meninas no colégio (o seminário São José recebe jovens que estão no ensino médio e que estudam no Colégio Arquidiocesano de Curitiba) e nos interessamos por elas. Mas aí conversamos com os padres e recebemos conselhos. Essa provação reforça nossa convicção."
E para quem acha que seminarista não faz outra coisa além de ler a Bíblia, Jean esclarece: "Saímos com os amigos, temos MSN, vemos televisão e escutamos música."



