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Nariman no avião rumo ao Brasil: depois da difícil fuga, alívio | Reprodução tevê Globo
Nariman no avião rumo ao Brasil: depois da difícil fuga, alívio| Foto: Reprodução tevê Globo

Guarda dos filhos deve ficar com a mãe

A guarda dos filhos de Nariman provavelmente ficará com ela, apesar de as leis islâmicas estabelecerem que em casos de divórcios os filhos ficam com o pai. O professor de Direito Internacional Privado da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Eduardo Gomes, afirma que uma suposta decisão sobre a guarda dos filhos nos tribunais libaneses deverá ser homologada no Brasil pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). "Certamente no Líbano a guarda ficaria com o pai, mas aqui o STJ irá previlegiar a mãe, ainda mais com o histórico de violência."

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Para islâmicos, marido tem poder sobre a mulher

O professor da Universidade Estadual de São Paulo (USP), Samuel Feldberg, afirma que existem dois sistemas judiciais no Líbano. Um é mais liberal e o outro mais ortodoxo. De acordo com Feldberg, esta diferença ocorro porque o Líbano é formado por culturas muito diferentes. Os cristãos são mais abertos e os muçulmanos seguem as determinações da religião. "A cultura islâmica é machista frente aos padrões ocidentais, por isso o marido tem poder sobre a mulher", diz.

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Com balões, cartazes, faixas de boas-vindas e muita festa. É assim que a família da paranaense Nariman Osman Chiah, de 21 anos, quer recebê-la no desembarque do Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, na tarde de hoje. Nariman deixou a cidade de Milão, na Itália, às 17h30 de ontem, após ter conseguido fugir do Líbano, onde supostamente sofria maus-tratos do marido.

O irmão de Nariman, Ahmed Osman Chiah, conta que a família está muito feliz com a chegada da irmã. "Esperamos ansiosos por ela. Todos nós vamos ao aeroporto com muitas bexigas e cartazes", diz. Os familiares também preparam uma celebração em Matinhos, no litoral do Paraná. "Em nossa casa vamos fazer algo mais íntimo, somente para família mesmo, mas ainda não sabemos o que preparar", afirma.

Na tarde de ontem, Nariman ligou para a família e disse que ela e o filho passam bem. "Todos estão tranqüilos com o fim de tudo isso que aconteceu", disse Chiah. Na terça-feira, o vôo em que ela decolaria do aeroporto de Istambul, na Turquia, com destino a Milão chegou a atrasar, mas não adiou a viagem. Agora, Nariman deve chegar a São Paulo por volta das 6h30 de hoje e esperar até as 14 horas por um vôo a Curitiba, onde desembarca às 15 horas.

Nariman passou os últimos dias na embaixada brasileira na Síria, para onde foi depois de uma difícil fuga do Líbano, onde mora o marido, que ela acusa de agressão. Em situação ilegal, por ter sido acusada pelo marido de abandono e seqüestro, Nariman precisou da ajuda do governo brasileiro para regularizar documentos. "O consulado e o Ministério das Relações Exteriores arrumaram tudo para ela poder ir para a Turquia legalmente", conta Chiah.

O irmão ainda diz que o marido de Nariman, Ahmed Holeihel, chegou a entrar em contato com a família, na terça-feira, e que queria informações sobre a mulher e os filhos. "Conversei um pouco com ele e depois ouvi ele falando com o pai", diz. "Ele falou que vai casar de novo por lá e para não o incomodarem".

Segundo Ahmed, a família não teme a possibilidade de Holeihel tentar vir ao Brasil. "Não tem nem como. Ele está impedido pela Interpol de deixar o Líbano". Holeihel foi autuado em abril de 2007 em Guarapuava, na região Central do Paraná, pelo porte de 440 CDs e DVDs pirateados. Na época, ele recebeu ordem de prisão, porém está foragido. O libanês teria uma audiência na cidade no começo agosto, mas não compareceu. Com isso, a Justiça pediu a prisão preventiva de Holeihel por contrabando e crime de violação autoral.

Família Chiah

O pai de Nariman, Osman Fleiman Chiah, chegou ao Brasil há 50 anos. Chiah deixou Baalbek, no Líbano, para trabalhar e construir uma nova vida em Matinhos, no litoral paranaense. Segundo Ahmed Osman Chiah, irmão de Nariman, o pai vendia roupas pelas ruas da cidade. "Ele tinha uma carroça e saía vendendo tudo. Hoje, ele tem um comércio", conta.

No município de Matinhos, a mãe de Nariman, Mahasen Chiah, tem um restaurante de comida árabe com o filho Ahmed. "Minha mãe já está no Brasil há 33 anos. Ela se casou com meu pai quando ele voltou ao Líbano e a trouxe para cá", diz Ahmed.

A família, que é composta de cinco irmãos, três homens e duas mulheres, vai ficar completa com a chegada de Nariman. Grávida de cinco meses de uma menina, Nariman decidiu dar o nome da filha de Mahasen, em homenagem a sua mãe.

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