São Paulo Os locais de origem são variados. Eles podem ser moradores da capital paulista ou podem ter vindo do interior do estado, de outras regiões do país, de outros países. Mas a fé e a disposição são as mesmas. Ontem, em frente ao Mosteiro São Bento, no centro de São Paulo, parecia que o tempo havia parado para aqueles católicos cerca de 10 mil pessoas que aguardavam a chegada do Papa Bento XVI. Enquanto a cidade se movimentava em volta, no mesmo ritmo frenético, os fiéis enfrentavam pacientemente a chuva fina e o frio.
No fim da manhã, a turma do gargarejo já estava agarrada à grade que separava a população do mosteiro. E eram, na maioria dos casos, pessoas que já deixaram a juventude para trás, mas não a força e a disposição para ficar em pé durante horas. Uma delas era Edna Corradini, 77 anos, vizinha do Mosteiro São Bento há mais de 30 anos. Ela chegou logo depois das 9 horas, garantindo que agüentaria firme até o início da noite. "Eu trouxe banana e maçã para comer durante o dia", contou.
O espaço aos poucos foi se transformando num acampamento. Muitos levaram cadeiras e bancos, além de alimentos e bebidas. Sem falar nas faixas, cartazes, bandeiras e imagens de santos. E sorte de quem levou agasalhos porque a tarde de ontem foi a mais fria do ano em São Paulo. A temperatura chegou a 11ºC, mas com a garoa a sensação térmica era de uma temperatura ainda menor.
E como todo espaço democrático, havia quem criticasse a mobilização em torno da chegada do Papa. Quem passava apressado pelo Mosteiro São Bento reclamava das interdições de ruas e desvios no caminho. Aos poucos, terminaram as reclamações porque o espaço foi tomado por aqueles que aguardavam a chegada de Bento XVI. A partir daí, quem havia se aproximado não tinha mais como deixar o local.
A expectativa foi crescendo com a proximidade do horário previsto para a chegada do Pontífice. Para sorte dos fiéis, a programação toda foi antecipada porque o Papa desembarcou no Brasil antes do horário previsto. Eram 17h40 quando começaram a tocar os sinos da Basílica de São Bento, ao lado do mosteiro. Eles ficariam tocando até que Bento XVI chegasse.
Logo apareceram os primeiros veículos da comitiva e cresceu a expectativa dos fiéis, que ficavam na ponta dos pés e se esticavam na esperança de ver Bento XVI. Os mais curiosos subiram em árvores. Às 18h05, o papamóvel apontou e passou diante do mosteiro, permitindo que todas as pessoas que estavam perto da grade pudessem ver o Papa. Independentemente do grau de envolvimento com a religião, não é possível ignorar a força da presença do Pontífice e o impacto emocional sobre os fiéis que passaram o dia nesta vigília de fé.
Em seguida, Bento XVI apareceu na sacada do mosteiro de onde fez a primeira saudação ao povo brasileiro. Ele agradeceu a acolhida calorosa e disse que esses dias que passará no Brasil serão de emoção e alegria para ele e para os fiéis, que aplaudiram Bento XVI mais de uma vez no pronunciamento curto. Ele encerrou o encontro com uma bênção.



