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Nikole com a mãe, Eva: menina hoje vive uma vida normal após procedimento | Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo
Nikole com a mãe, Eva: menina hoje vive uma vida normal após procedimento| Foto: Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo

Quem vê Nikole Yasmin Ponzoni correndo de um lado para o outro nos corredores do Hospital Angelina Caron, em Campina Grande do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba, não imagina sua luta. A pequena, que nasceu com atresia das vias biliares (doença que provoca cirrose hepática irreversível), passou por um transplante de fígado intervivos em setembro de 2013. Ontem, ela esteve no hospital para fazer seus exames mensais, de rotina.

VÍDEO: Veja a história de Nikole

A atresia das vias biliares é caracterizada pela ausência do canal do fígado, responsável por expelir a bile (líquido que atua na digestão de gorduras e absorção de nutrientes). Quando a pessoa não tem o canal, a bile permanece no fígado, que incha, ocasionando a cirrose.

O caso de Nikole chama a atenção pela pouca idade da paciente. Na época da cirurgia, ela tinha só 8 meses. "É muito raro o transplante de órgão abaixo de 1 ano de vida. Tivemos de fazer costuras microscópicas. Foi um procedimento complexo", resume João Eduardo Nicoluzzi, chefe do serviço de transplante do hospital. A garota, que hoje tem 1 ano e 9 meses, recebeu parte do fígado de um adulto.

A dificuldade para os médicos era transplantar na menina um órgão de uma pessoa adulta, que pesa cerca de 1,5 kg e tem vasos sanguíneos com espessura de 4 centímetros. Já o fígado de uma criança como Nikole tem 200 gramas e vasos de 4 milímetros. "Por causa disso, tivemos dificuldade com a interligação do novo fígado", explica Nicoluzzi.

Em 2013, segundo a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), 118 transplantes de fígado foram realizados no Paraná. A entidade não estipula idade, gênero ou se o doador estava morto ou vivo. Até setembro deste ano, 53 procedimentos foram feitos no estado.

12 horas

A cirurgia de Nikole demorou 12 horas. Na equipe havia pelos menos 10 profissionais. Do lado de fora do centro cirúrgico, a mãe da menina, a dona de casa Eva Aparecida de Quadros, de 22 anos, esperava ansiosa. "Toda hora eu ia lá perto e perguntava: já acabou?". Quando entrou na sala de cirurgia e viu Nikole toda enfaixada, caiu no choro e reparou em seus olhos. "Eu vi que estavam branquinhos, bem diferentes da cor amarela de antigamente. Percebi, naquele momento, que ela queria muito viver", emociona-se. Nikole ficou 22 dias na UTI do hospital e virou o xodó de médicos e enfermeiras.

Eva conta que Nikole nasceu bem "amarelinha". Já no segundo dia de vida, teve febre. Aos três meses, foi diagnosticada com cirrose hepática. "A médica então disse que ela precisava de um transplante. Entrei em choque", conta.

Em 2013, havia 55 pacientes à espera de um fígado no Paraná. Com a dificuldade de achar um doador morto, a família começou a buscar um vivo. Entre os parentes, apenas uma das tias, Camila Rafaele Ponzoni, 28 anos, era compatível. "Fiquei com medo, mas muito feliz por Deus ter me escolhido para salvar a vida dela", diz Camila.

Nikole hoje está saudável. Adora comer besteiras, passear no shopping e já esboça as primeiras palavras. Como mora em Ponta Grossa (Campos Gerais), todo mês um carro da prefeitura a traz, com a mãe, ao hospital.

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