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No México, o pior da doença já passou

Atitude firme do governo e decisão de fazer exames em todos os casos suspeitos ajudaram o país a conter o vírus

Crianças usam máscaras em escolas do México: gripe A matou 142 pessoas no país, epicentro da pandemia | Jorge Dan /Reuters
Crianças usam máscaras em escolas do México: gripe A matou 142 pessoas no país, epicentro da pandemia (Foto: Jorge Dan /Reuters)

Ponta Grossa - Os países da América Latina concentram dois em cada três mortos com gripe A no mundo. Fatores como baixa imunidade, períodos de frio intenso e dificuldades no controle da contaminação e no tratamento da doença teriam motivado o maior número de mortes. Apesar de o número de casos divulgados aumentar dia após dia, a estimativa é de que o ritmo de contágio na maioria dessas nações já atingiu o pico e vem diminuindo.

Um dos principais exemplos é o México – local em que a gripe A teria sido primeiramente diagnosticada, em abril. O presidente da Sociedade Paranaense de Infectologia (SPI), Alceu Fontana Pacheco Júnior, lembra que a doença começou por lá no fim do período de frio e que o calor ajudou a diminuir avanço no número de casos. Ele destaca duas ações importantes na tentativa de barrar as contaminações em território mexicano: uma atitude governamental firme no sentido de evitar aglomerações, cancelar eventos públicos e suspender as aulas, e a decisão de fazer exames comprobatórios em todos os casos suspeitos.

Ele destaca, por exemplo, que o Ministério da Saúde inicialmente optou por fazer testes laboratoriais somente com amostra de pessoas que tinham tido contato com estrangeiros ou haviam viajado para países que tinham casos da gripe. "Acredito que o vírus estava circulando no Brasil pelo menos um mês antes do momento em que o governo reconheceu isso", diz. No México, o número de mortes causadas pelo vírus H1N1 chegou a 142, e o número de contagiados a 15.877.

Com uma população cinco vezes menor que a brasileira, a Argentina já registrou três vezes mais casos de morte pela gripe A do que o Brasil. Para o presidente da SPI, o país vizinho vivenciou situações bem particulares. Além de um período extenso de frio, a divergência de opiniões e atitudes dentro do governo argentino teriam contribuído para provocar o aumento no número de casos. A Organização Mundial de Saúde chegou a recomendar a suspensão do processo eleitoral no país, mas a orientação não foi acatada.

O avanço do vírus trouxe mudanças de comportamento. Na Argentina, onde a quantidade de pessoas infectadas passa de 100 mil e de casos fatais está em 165, as pessoas começaram a evitar sair de casa. Uma pesquisa feita pelas consultorias Trendsity e Wonderpanel, publicada no jornal argentino Clarín no domingo passado, mostra que 31% dos argentinos modificaram seus planos de férias, 47% suspenderam idas ao cinema e ao teatro e 40% mudaram até a forma de se cumprimentar por causa da gripe suína. Foram ouvidos 1,1 mil argentinos. As férias escolares, que normalmente duram duas semanas em julho, foram ampliadas para até 3 de agosto.

Pacheco Júnior acredita que o Brasil tem mais lições a aprender com o Chile – que, na tentativa de barrar a mortalidade, distribui a medicação antes mesmo da confirmação de que o paciente estava com o novo vírus. As autoridades sanitárias chilenas contabilizam 11,8 mil casos da doença, com 96 mortos. Além disso, há 328 mil suspeitas de contágio. No entanto, o governo do país já vê uma tendência de declínio na propagação da enfermidade.

Para a OMS, a proximidade da primavera é essencial para diminuir a propagação da influenza A (H1N1). Um porta-voz da entidade, Thomas Abraham, disse que o pior estágio da gripe está perto do fim. A OMS teme que seja mais difícil combater a doença em países pobres da América Latina e da África subsaariana – o alto índice de casos nesses lugares tornou difícil o exame de todas as pessoas com os sintomas.

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