O Noroeste do Paraná quer mudar sua vocação de pólo de confecção e se transformar em centro criador de moda. A diferença entre confecção e moda parece apenas uma questão de semântica, mas o significado comercial dos dois vocábulos é muito diferente. Moda vai muito além da roupa. Ela inclui conceito e agrega muito mais valor às peças. Um exemplo: uma calça jeans em um centro atacadista pode ser adquirida por menos de R$ 50. Essa mesma calça, se comprada em uma loja sofisticada de um shopping center, com etiqueta de grife, pode ultrapassar facilmente os R$ 200. Como agir para dar esse salto qualitativo é um dos temas que estará em discussão durante a terceira etapa do Fórum Futuro 10 Paraná, que será realizado na próxima quinta-feira, dia 11, em Maringá. O fórum é promovido pela Rede Paranaense de Comunicação (RPC)/Gazeta do Povo, em parceria com diversas entidades.
O Paraná é, atualmente, o segundo pólo confeccionista do país. Segundo dados da Associação Paranaense da Indústria Têxtil (Vestpar), são mais de 4,6 mil fábricas que produzem cerca de 18 milhões de peças por mês e empregam 100 mil pessoas. O setor fatura cerca de R$ 3,5 bilhões por ano. Somente o Noroeste do estado tem 12 centros atacadistas e de pronta-entrega que recebem compradores de todas as partes do país.
Além das vendas para o atacado, as confecções do Noroeste do estado, com destaque para Cianorte (conhecida como a capital do vestuário) e Maringá, são fornecedoras das principais grifes de moda do país. As grandes marcas de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, além de marcas internacionais, como a espanhola Zara, contratam os serviços das fábricas da região para costurar as suas roupas. A intenção dos empresários do segmento é acabar com essa "intermediação". O objetivo é fortalecer as marcas locais e fazer com que as peças produzidas na região possam entrar no mercado competindo em igualdade com as principais grifes nacionais. Qualidade, as roupas já têm; o que falta é agregar valor. Em termos de moda, valor significa estilo e conceito. "Os empresários estão se preparando para isso, para transformar suas confecções em marcas fortes e de sucesso", afirma Lúcia Wander, organizadora do Paraná Fashion, evento de moda que vai ocorrer entre 23 e 25 deste mês em Maringá. Um dos objetivos do Paraná Fashion é dar visibilidade para as grifes locais e ajudar na criação de uma identidade para a indústria da região.
Estilo próprio
A transformação de confecção em grife passa por um intenso processo de pesquisa e investimento para criação de um estilo próprio. Isso significa contratar equipes de estilistas, designers de moda e modelistas para o desenvolvimento de coleções. Em vez de um amontoado de roupas sem nenhuma relação entre si, uma grife cria um conceito de moda, que faz com que todas as peças tenham uma identidade única. Esse conceito é que agrega valor à roupa.
Além do desenvolvimento de um estilo próprio, com valor agregado e excelente qualidade de fabricação, as empresas precisam investir pesado em marketing. Para viabilizar esse projeto, Valdir Scalon defende uma maior participação do governo do estado. "Falta do governo comprar a idéia e ajudar o fortalecimento da nossa presença na mídia", diz o presidente da Vestpar.



