A nova ortografia da língua portuguesa entra em vigor no Brasil em 1.º de janeiro de 2016. As mudanças ocorrem para unificar as regras do idioma escrito em todos os países que têm o português como idioma oficial e afetam cerca de 0,5% da escrita no Brasil.
O acordo deveria ter entrado em vigor em 2013, mas um decreto do governo federal ampliou o período de adaptação e transição entre a antiga e a nova ortografia. Isso significa que até 31 de dezembro as duas formas de escrita são válidas. Portanto, estão corretas as grafias “joia” e “jóia”, inclusive na redação do Enem. A professora de língua portuguesa do Colégio Positivo Lucimeire Fedalto, porém, alerta que durante o período é necessário optar por uma ou outra ortografia e evitar escrever em um mesmo texto, por exemplo, “joia” e “idéia”. O Ministério da Educação anunciou em 2013 que as novas regras só passam a valer na redação do Enem a partir de 2016.
Assinado em 1990 pelo Brasil e outros seis países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) – Cabo Verde, Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Guiné Bissau e Portugal –, o acordo tem como objetivo unificar as regras do idioma escrito em todos os países lusófonos. Além disso, pretende também reduzir o custo econômico de produção e tradução de livros e facilitar a difusão bibliográfica nesses países.
Embora seja alvo de polêmicas, Ana Paula Mira, diretora da Toda Letra, consultoria em língua portuguesa, acredita que as novas regras vêm para facilitar a vida. “Pelo que li e vi sobre o novo acordo, passei a considerar bom para a questão de unificação da língua em documentos de língua portuguesa. Soube de casos em que a pessoa estudou em Portugal e precisou fazer uma tradução juramentada do trabalho (dissertações, monografias, teses) do português brasileiro para o português de Portugal. Havia uma brecha legal para fazer isso. Teoricamente, com o novo acordo isso não pode acontecer mais.”
Pedra no sapato
As mudanças mais simples dizem respeito à inclusão das letras K, W e Y no alfabeto, que passa a contar com 26 letras. O trema deixou de ser usado e a acentuação de ditongos abertos também sofreu alteração. Agora, não se acentua mais “estreia” e “joia”, pois elas são paroxítonas com ditongo aberto, mas o acento em “herói” continua valendo, uma vez que ela é uma oxítona. Os acentos diferenciais de palavras também caíram e agora “forma”, “pela” e “pera”, por exemplo, possuem uma única grafia. A confusão maior diz respeito ao uso do hífen. Lucimeire Fedalto admite que esse é o ponto do acordo que ainda gera mais dúvida entre alunos.
Para os estudantes que vão fazer o Enem em 2016, a dica é procurar bons materiais com as novas regras. “Ler textos que estão já dentro da nova ortografia também ajuda – e são vários. Além disso, fazer exercícios que estão disponíveis na internet que cobrem as novas regras é uma boa ajuda”, aconselha Ana Paula.



