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Nove homens acusados de espancar o adolescente Ronei Wilson Jurkfitz Faleiro Júnior, de 17 anos, até a morte em 1º de agosto, em Charqueadas, na região metropolitana de Porto Alegre, viraram réus do processo após a Justiça acatar denúncia do Ministério Público.

A Justiça também aceitou o pedido para converter a prisão temporária dos acusados em preventiva. Outros sete adolescentes foram responsabilizados pelo crime e estão internados.

A juíza Vanessa Lílian da Luz, do Foro de Charqueadas, fundamentou sua análise a partir do indiciamento da Polícia Civil, que incluiu depoimentos de testemunhas, vídeo de uma câmera de segurança e áudios de conversas dos acusados. Eles foram indiciados sob suspeita de praticar homicídio triplamente qualificado, três tentativas de homicídio qualificado e formação de bando.

As defesas dos réus têm dez dias a partir da notificação para encaminhar suas respostas. Em seguida, começam os interrogatórios de testemunhas e, por último, dos réus. Depois dessa fase, a Justiça decidirá quem irá a júri.

Os réus são Peterson Patric Silveira Oliveira, Jhonata Paulino da Silva Hammes, Vinicios Adonai Carvalho da Silva, Leonardo Macedo Cunha, Volnei Pereira de Araújo, Matheus Simão Alves, Geovani Silva de Souza, Alisson Barbosa Cavalheiro e Cristian Silveira Sampaio.

Para o advogado Lucas Mnito Käker, que defende Cristian Silveira Sampaio, a denúncia não especificou que atos teriam sido cometidos por cada acusado. “Não teve particularização das condutas, e isso é temeroso”, diz o defensor, segundo quem testemunhas relataram que Cristian não estava no local na hora do crime. “Existem fartas provas que foram ignoradas na denúncia”, diz Käfer.

O advogado Paulo Augusto Costa defende três réus: Alisson Barbosa Cavalheiro, Volnei Pereira de Araújo e Vinicios Adonai Carvalho da Silva. Segundo Costa, houve uma “briga generalizada” e a morte de Ronei ocorreu por “uma causa pré-existente” já que o menino seria hemofílico. O advogado sustenta que Ronei morreu por hemorragia -a hemofilia causa dificuldade de cicatrização- ao esperar atendimento durante mais de uma hora no hospital.

Luciano Iob, que defende Leonardo Macedo Cunha, não quis falar sobre sua tese de defesa, mas afirmou que estranhou o fato de a denúncia ser “praticamente uma cópia do depoimento do pai, que também é vítima”.

“Com todo o respeito pela dor do pai, mas entendemos que a denúncia deveria ter levado em consideração outros fatores”, diz Iob.

A reportagem tentou contato com os advogados dos demais réus, mas não conseguiu falar com eles.

O crime

Juninho, como o garoto assassinado era chamado, foi morto com socos, pontapés e garrafadas na cabeça ao sair de uma festa. O pai dele, Ronei Wilson Jurkfitz Faleiro, 48, presenciou tudo e tentou inutilmente evitar o ataque de mais de uma dezena de garotos, alguns deles conhecidos da família.

A festa foi realizada para arrecadar fundos para os formandos da escola Cenecista Carolino Euzébio Nunes. O pai foi buscar o filho de carro na saída, quando o garoto pediu para dar carona a um casal de amigos, da cidade vizinha de São Jerônimo.

Os dois amigos estavam sendo ameaçados pelo bonde -como são chamadas as gangues no Sul- “Abas Retas”, que costuma atacar pessoas de fora da cidade.

A violência das gangues é um “problema antigo” e existe grande rivalidade com os garotos “de fora”, segundo o major Fábio Almeida César, comandante do batalhão da Polícia Militar da cidade.

“Na noite do crime tínhamos uma guarnição apenas, por causa da defasagem do efetivo”, diz o major. Segundo o comandante, os policiais são desviados de função para trabalhar nos presídios -são seis na cidade.

Depois do crime, César afirma que foram “devolvidos” nove policiais à cidade.

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