Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Segurança

Novo modelo de armas não-letais será apresentado no Fórum Social Mundial

A partir da segunda quinzena de fevereiro, o Ministério da Justiça deve começar a treinar policiais de 11 estados do país para o uso das armas não-letais, conhecidas como Taser, compradas pelo governo para tentar reduzir as mortes em confrontos diretos entre policiais e suspeitos. A apresentação do novo equipamento, que emite ondas de alta voltagem, ocorrerá em meio realização do Fórum Social Mundial, a partir da próxima terça-feira (27), em Belém (PA).

De acordo com o secretário substituto nacional de Segurança Pública, capitão Alexandre Aragon, foram compradas quatro mil pistolas de ondas T, ao valor de R$ 4 mil cada. Uma pistola .40, a mais usada atualmente pelos policiais no Brasil, custa cerca de R$ 3 mil, sem munições.

O secretário substituto explicou que a Taser não é uma arma de choque, mas sim de alta voltagem e baixa amperagem. O risco [de lesão] seria se fosse o contrário. A amperagem da arma T equivale a de uma lâmpada de árvore de Natal, comparou.

Aragon disse que a arma não-letal funciona a uma freqüência semelhante a das ondas cerebrais e, em contato com o corpo, impedem que as ordens do cérebro sejam passadas aos músculos. É semelhante a uma interferência em um sistema de rádio. O cidadão vai continuar falando, respirando mas não terá como comandar os membros, explicou Aragon.

Do total das armas compradas, mil serão entregues para policiais da Força Nacional de Segurança (FNS) e as outras três mil serão distribuídas para os estados. A Secretaria Nacional de Segurança Pública já treinou 200 militares da FNS, que serão os primeiros a manusear as novas armas.

Só vamos entregar essas armas depois de um treinamento para repassar a técnica. Vamos frisar bastante que os instrumentos de regulação existem dentro das próprias armas, destacou Aragon Agência Brasil. Vamos direcionar o treinamento a instrutores, que, posteriormente, serão multiplicadores nos 11 estados.

Segundo ele, o treinamento seguirá o mesmo modelo adotado pela polícia inglesa. Vão ser seis dias de treinamento e vamos utilizar uma técnica internacional. Terminado o treinamento, os instrutores voltaram aos estados para repassar as informações e, só após a certificação de que a pessoa foi capacitada, ele estará autorizado a utilizar o armamento.

Apesar de dados da Anistia Internacional mostrarem que 334 pessoas morreram depois de atingidas pela arma, Aragon acredita que, no Brasil, a arma não letal, vai ajudar a reduzir as mortes no confronto direto entre policiais e suspeitos. Ele minimizou os riscos de morte em virtude da utilização da Taser. Temos 600 laudos do Incor [Instituto do Coração] de São Paulo dizendo que não afeta de forma nenhuma os batimentos cardíacos, afirmou.

De acordo com o Aragon, um estudo, não oficial, informa que para cada um milhão de tiros das armas T, ocorreram 300 mortes, o que corresponde a 0,03% de mortes em autuações. A arma T é uma opção do policial ao em vez de utilizar a arma de fogo. Se em um milhão de tiros tivemos 300 mortes, quantas mortes nós não teríamos se a única opção do policial fosse a arma de fogo? No mínimo 20% ou até 500 mil mortes em um milhão [de disparos], comparou.

O sociólogo especialista em violência Antônio Flávio Testa avalia que a arma não-letal pode trazer resultados positivos para a sociedade se for usada corretamente. "[Esse tipo de] arma pode evitar situações em que pessoas inocentes são mortas por causa do uso de arma de fogo", disse o especialista.

Aragon afirmou que o Ministério da Justiça teve a preocupação de comprar as pistolas na cor amarela, para diferenciar das armas convencionais. Além disso, o próprio armamento tem um sistema que permite identificar todas as vezes que a arma for utilizada.

A arma registra a hora, o dia, quantas vezes foi acionado o gatilho e, no primeiro disparo, são liberados uma série de confetes com o número de série do armamento. Também não há possibilidade de o policial aumentar a descarga da arma. Ela sempre trabalha com a saída de 50 mil voltts e a chegada no corpo de 5 mil voltts, acentuou.

Aragon lembrou que o uso de armamento não-letal atende convenção das Nações Unidas (ONU), de 1990. Tivemos uma orientação no sentido de diminuir o risco para a população em ações policiais. O Brasil é signatário desse tratado da ONU, desde 1992 e, agora, há um incremento nesse tipo de ações por parte do Ministério da Justiça.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.