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Insatisfação

Novos atos mantêm o recado da indignação

Com menos força que em junho de 2013 e “infiltradas” por partidos políticos, manifestações fizeram governo federal recuar de projeto de lei antiprotestos

Em São Paulo, os professores ajudaram a formar a multidão de 15 mil pessoas à tarde... | Daniel Sobral/Futura Press/Folhapress
Em São Paulo, os professores ajudaram a formar a multidão de 15 mil pessoas à tarde... (Foto: Daniel Sobral/Futura Press/Folhapress)
... pela manhã, pró-moradia queimou pneus no Itaquerão |

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... pela manhã, pró-moradia queimou pneus no Itaquerão

No Rio de Janeiro, além dos professores, motoristas de ônibus também se juntaram à marcha. Uma pessoa foi detida |

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No Rio de Janeiro, além dos professores, motoristas de ônibus também se juntaram à marcha. Uma pessoa foi detida

Na capital mineira, além dos professores, movimentos sociais como o Tarifa Zero levaram 2 mil ao Centro |

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Na capital mineira, além dos professores, movimentos sociais como o Tarifa Zero levaram 2 mil ao Centro

Em Curitiba, apenas 100 pessoas foram às ruas e com a participação de partidos políticos |

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Em Curitiba, apenas 100 pessoas foram às ruas e com a participação de partidos políticos

As manifestações que ocorreram em pelo menos seis capitais do país ontem e reuniram mais de 25 mil pessoas não tiveram a mesma força e engajamento da onda de junho do ano passado e nem fizeram jus ao slogan de "Manifestação das Manifestações". Os gritos por mais moradia, saúde e educação e contra os investimentos na Copa do Mundo foram, desta vez, emitidos também por partidos políticos. Ainda assim, as vozes foram suficientes para o governo federal recuar, ao menos, do projeto de lei antiprotestos. A mudança legislativa conduzida pelo Executivo federal tinha como objetivo punir de forma mais rigorosa os ativistas que praticassem atos de vandalismo ou violência durante manifestações.

"A presidente chegou à conclusão de que não era prudente a gente fazer neste momento uma nova lei, porque evidentemente soaria como tentativa de criminalizar ou punir as manifestações", disse.

"Ela se convenceu de que temos aparato legal para enfrentar os, espero, raros casos de violência adequadamente. Dentro do conjunto de lei que nós temos", afirmou. O ministro disse ainda que o governo terá ferramentas para acompanhar, supervisionar e fiscalizar as manifestações.

Em boa parte das cidades, o sentimento de insatisfação trouxe consigo demandas específicas. Em São Paulo, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) fechou os principais corredores da cidade, reunindo cerca de 4 mil pessoas em quatro pontos diferentes. Houve queima de pneus nas proximidades do estádio Itaquerão. Somados a outras organizações, como professores e metalúrgicos, ao menos 15 mil pessoas foram às ruas de São Paulo para atacar os gastos públicos no torneio. Os trabalhadores da educação, em particular, reuniram 8 mil pessoas na Vila Mariana, zona sul de São Paulo. À noite, um grupo de black blocs entrou em confronto com a polícia, ao menos duas agências bancárias e uma concessionária de veículos foram depredadas. Sete pessoas foram presas.

Foram também os professores que deram o tom nos protestos no Rio de Janeiro. Com o acordo feito no ano passado com o poder público cancelado nessa semana pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, e sujeitos a ter os dias parados descontados do salário, eles resolveram manter a greve e aderir aos manifestações do dia. Parte dos motoristas de ônibus que, contrariando o sindicato da categoria, se recusam a aceitar a proposta da prefeitura fluminense e protagonizaram dias de caos na cidade nos últimos dias, ajudaram a formar uma multidão de quase 2 mil pessoas nas ruas do Rio.

Ainda ontem, em sua coluna no site do jornal espanhol El País, o ex-presidente Lula disse que a Copa no Brasil virou "objeto de feroz luta política eleitoral". "À medida que se aproxima a eleição presidencial de outubro, os ataques ao evento tornam-se cada vez mais sectários e irracionais", escreveu ele.

Durante o dia de ontem, o Planalto acompanhou de perto a adesão aos protestos nas redes sociais. De 16,7 mil manifestações marcadas, apenas 20% tinham confirmações de participação. Em junho do ano passado, este porcentual era o dobro, de 40%.

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