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Padre  Agler Cherizier: haitiano veio ao Brasil com a missão de ajudar conterrâneos que chegam ao país em busca de uma vida melhor. | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Padre Agler Cherizier: haitiano veio ao Brasil com a missão de ajudar conterrâneos que chegam ao país em busca de uma vida melhor.| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

O padre haitiano Agler Cherizier, de 33 anos, desembarcou em Curitiba em março do ano passado – três anos e dois meses depois do terremoto que devastou seu país natal e matou mais de 250 mil pessoas. Não veio para recomeçar a vida – como já fizeram milhares de migrantes do Haiti – mas, justamente, para amparar estrangeiros que se veem obrigados a deixar suas terras, fugindo da fome ou de perseguições políticas ou religiosas. À frente da Pastoral do Migrante, vinculada à Igreja Católica, ele e sua equipe acolheram mais de 1,4 mil pessoas em um ano, na região de Curitiba.

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Quando chegou à Pastoral, padre Agler encontrou uma estrutura que já carregava uma década de experiência em receber e orientar os migrantes. Na sede, um salão ao lado da igreja de Santa Felicidade, dezenas e dezenas de forasteiros são atendidos todos os dias. Muitos chegam com a roupa do corpo, sem falar português, sem conhecidos e sem ter para onde ir. Histórias que se repetem e que padre Agler conhece de cor. Vê a dor de seu povo ali, naqueles retirantes.

“São pessoas que têm sonho de trabalhar, de estudar, de viver de forma digna, mas não têm uma estrutura que possibilite. São pessoas que migraram por uma questão de sonho e sobrevivência”, disse. “Para a gente também é difícil, porque quem acolhe também sofre”, revelou.

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A Pastoral cadastra os migrantes, providencia documentos e tenta encaminhá-los ao mercado de trabalho. A equipe mantém contato com 450 empresas de Curitiba e região metropolitana, que já empregaram ou empregam os estrangeiros. Padre Agler, no entanto, destaca que “o mar não está para peixe”. Por causa da crise, empresas têm evitado contratar – não só estrangeiros. Quando há vagas, têm sido na região metropolitana ou no interior. Se os empregos demoram, nunca faltam palavras de acolhimento do padre haitiano ou da assistente social, Edesia de Souza Sato, uma mulher incansável que trata os migrantes com um ar maternal.

“Muitos estão decepcionados, querendo voltar [ao país de origem]. A maioria fez dívidas ou vendeu o que tinha para vir”, mencionou o padre.

Todo esse serviço é prestado pela Pastoral por meios próprios. A entidade não recebe um centavo do poder público. Enquanto o Paraná ainda esboça uma estrutura de acolhimento, Padre Agler e sua equipe estão escolados. Dão de ombros à falta de auxílio. “Outro dia, a prefeitura ligou perguntando se não conseguíamos trabalho para um grupo de haitianos que haviam procurado ajuda lá. Ora, eles deveriam ser referência. Mas não há preocupação com isso por parte do poder público”, disse.

Preconceito

Nesta semana, a Pastoral do Migrante promove a 30.ª Semana Nacional do Migrante, com programação específica, como debates, missas e celebrações, em cada paróquia de Curitiba. O objetivo é tentar minimizar o preconceito. “O migrante não quer ganhar o pão. Quer conquistá-lo com a luz do seu suor. Além disso, o migrante não vem só com problemas. Vem com sua riqueza cultural, que contribuem com a comunidade”, disse o padre.

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